Segundo dia do 5º Fórum GP começou com Ramon Oliveira, CEO do Instituto Mestre GP e idealizador do evento, dando um parâmetro do que foi o primeiro dia e já iniciando os trabalhos, com a palestra do Publicitário Edu e como o mercado está enxergando o futuro.
Edu Simon, da DPZ&T, provocou reflexão, perguntando se em tempos de profunda transformação, a propaganda tem futuro?
Mostrou que algumas transformações que já estamos vivendo, é – de fato – o espírito do nosso tempo e que a combinação de tecnologia, com o uso de dados, fazem a transformação em grande velocidade, e o desaparecimento de muitos segmentos, porque trazem também mudanças na forma, nos negócios e vão continuar sendo muito mais rápidas.
Alertou que – hoje, já impactaram muito a indústria e vão continuar impactando, mudando tudo em um cenário extremamente competitivo, não dando pra fugir dessa indústria de transformação, porque tudo isso ainda não terminou.
“O que a gente consegue entender é que estamos sofrendo uma pressão sem precedentes e, paradoxalmente, nunca se comunicou tanto em todo lugar, em todo o tempo e em todos os devices. Tudo comunica o tempo todo e isso deve se multiplicar com as tecnologias para facilitar isso. Nunca foi tão difícil e complexo fazer o que a gente faz.”, disse.
Exaltou que o caminho é esquecer a forma como eram feitas as propagandas no passado e passar a encará-la como um entretenimento, uma geradora de conteúdo. “Penso o quanto a gente tem capacidade de gerar mensagem e o uso do mobile dentro da nossa vida. A complexidade quando pensamos em jornada e como atingir o consumidor no dia a dia. Hoje o papel central é do gestor de projetos desde o momento número ZERO, quando pensamos no projeto para orquestrar tempo de movimento, clareza do desafio e quanto mais horas as pessoas estão conectadas. Muitas marcas estão se comunicando ao mesmo tempo, e não adianta comparar o que se fez antes com o que se faz agora. É mais difícil romper o ruído das marcas falando ao mesmo tempo, as pessoas bombardeadas de informações, etc. e no final, estamos ligados em tudo e não prestamos atenção em nada. Este é o momento da agencia se preocupar como romper a barreira do ruído e não em ganhar prêmios”, alertou.
Para Eduardo, o futuro do publicitário é mais divertido, porque vai ter que ativar as pessoas para que elas disseminem, gerando mídia espontaneamente. As agências terão que mostrar conteúdo que sejam capazes de entreter, em como não interromper o entretenimento e sim fazer parte desse entretenimento. “O caminho é transformar a propaganda em entretenimento”, arrematou.
Seguindo a programação, Victor Odo, da WMcCann faz reflexão sobre entregas digitais e provocou deve-se Inovar ou fazer o básico? Alertando, em seguida, para o fato de que os profissionais – hoje – devem ter a humildade para saber até onde se quer ir, pois é necessária extrema empatia e parar de olhar apenas a lógica da agência, por exemplo, já que a inovação não pode estar ancorada em um único repertório, dependendo de vivências, de diversas experiências.
Assim, deixou claro que – pode-se inovar ou fazer o básico, porque tudo vai depender do que o usuário quer e precisa. “Existe um gap gigantesco em relação a percepção do board e a percepção de quem está no dia a dia. Assim, vale a pena mergulhar e entender como um todo e – aí sim – estudar como pode ser o melhor do processo, porque, quando você se coloca no lugar do usuário e o que ele está querendo e precisando de verdade, faz toda a diferença”, diz.
O básico, segundo ele, é pegar o que existe e melhorar. Para inovar, no entanto, é essencial ser parceiro do cliente, identificar o que ele busca, analisar os dados de mercado e do consumidor, além de – internamente – envolver todas as frentes, em todos os departamentos da agência.
O exercício de inovação necessita ter que sair da zona de conforto e não aceitar simplesmente o que já existe. Questionar os processos e olhar identificando uma otimização de processo que o torna mais centrado, mais rápido.
Para inovar, isso tem que acontecer em todos os níveis de profissionais da empresa, porque dá para verificar todas as visões, desde a micro a macro, levando as informações de cima para baixo e de baixo para cima. “É fundamental ter o sentido de cultura de inovação para que possamos chegar a qualquer lugar”, finalizou.
Na terceira palestra do dia, Fernando Bottura, da Talent Marcel, mostrou como funciona o Scope of Work , enfatizando a revolução causada pela ferramenta na área de projetos de uma empresa.
Iniciou dizendo que, nos tempos atuais, ter uma ferramenta capaz de dar indicadores desde o planejamento até a execução de um job, tornou-se extremamente atraente e – mesmo – fundamental para o bom andamento dos trabalhos, além de tornar o projeto economicamente viável e rentável.
Em sua explanação Bottura, que é diretor financeiro da Talent Marcel, mostrou de forma didática e dinâmica como esta ferramenta funciona e quais os efetivos resultados financeiros proporcionados por ela.
Foram apresentados exatamente quais os diferenciais, como colocar um projeto, quem pode acompanhar, definição de todos pontos principais como prazos, senioridade de cada profissional, quais os aspectos financeiros e a receita que será gerada.
“O Scoop of Work utilizado de forma correta é a ferramenta que fará toda a diferença em todo o projeto, porque a área de Projetos tem que agir em conjunto com a Financeira, pois devem e são parceiras”, finalizou.
Como utilizar ferramentas e processos no trabalho remoto, foi o tema discutido por Marcio Bueno, da Publicis Brasil, que contou sua experiência com equipes descentralizadas.
Começou falando sobre os 48 mil mortos na pandemia, salientando que não podemos deixar de olhar para este número, sem entender que o cenário é atípico, diferente e que este contexto faz parte da vida de todos. Essa, segundo ele, é a transformação vivenciada, em que os dias se repetem sem parar. “O que estamos vivendo não é home office, da mesma forma nossos filhos não estão estudando o EAD. O que vivemos são adaptações ao contexto atual”, disse.
Exaltou que no dia 13 de março, o escritório deixou de ser aquele espaço em que os profissionais se reuniam para realizar atividades, sendo forçados a saírem deste espaço e espalhar os officers em todos os lugares, em espaços que nem sequer foram pensados para aquela atividade, adaptando lares para comportar um escritório e não o contrário, com todas as adversidades individuais, tornando esta realidade um caos.
“Todo mundo fala no novo normal, mas é sério isso? Começamos a ter novas realidades, com filhos gritando, obras ao lado de casa, vivendo o novo normal junto com a Síndrome de Bornout, por exemplo, sem conseguir se concentrar e aí saímos de um cenário que foi imposto por séculos para nos adaptar, dando um passo atrás”, refletiu.
Para que tudo dê certo, Marcio salientou que existem três pilares: processos, tecnologia e pessoas, sendo que um é dependente do outro, tornando a congruência desses três, o segredo de uma boa organização e provocou a audiência com a pergunta: Como você está fazendo esta transformação digital? Levando em conta que em oito semanas de pandemia, houve um avanço de cinco anos em uso de ferramentas e até do comportamento de consumo. Houve uma aceleração em lugares conceitos que não abríamos mão e que – agora – começaram a fazer sentido”, questionou.
Isso agora, está no cerne da questão das empresas, que assumiram este lado digital por falta de opção, mas que – hoje – verificam a viabilidade e produtividade que pode advir desse novo contexto.
No final, apesar dos processos, da tecnologia e das pessoas, ele revelou que não havia a motivação e – quando a sociedade foi forçada a mudar, tudo isso acabou se apresentando como uma grande geração de valor.
“Paramos tudo e começamos a olhar para todos os processos, desde a concepção de projetos, manutenção de RH e controle financeiro. Tudo de forma remota. E o que ficou? Vamos viver o resto da vida neste modelo? O que temos a aprender?”, perguntou.
De acordo com ele, estamos numa transição e não vamos viver desse jeito para sempre. Isso não é o novo normal, isso é um contexto atual, de aprendizado e adaptação, não um estilo de vida. “Estamos abertos a aprender, a assumir uma nova postura, uma nova realidade, abraçando os novos modelos de trabalho, mas é apenas um jeito novo de comunicar, não – necessariamente – de viver”, finalizou.
Na sequência, painel formado por Thiago Lentini, da Jussi, Felipe Rodriguez, da Gauge e Pricila Saikai, da Ogilvy abordaram temas do lançamento Guia do Gestor de Projetos, discutindotê e idealizadores do Projeto Boas Práticas: O Guia do Gestor discutiram em como foi pensado toda a questão do Guia, quais as necessidades que identificaram para sua formatação os indicadores mais importantes do setor.
O painel exaltou três aspectos desse material e aprofundou alguns objetivos do lançamento, que tem a finalidade de dialogar com o mercado sobre o conteúdo em meio ao novo normal, com pontos de atenção nos cronogramas em que os gestores de projetos, passaram a ser gestores da vida.
Falaram sobre como foi a experiência, como enxergaram todo o projeto até chegar ao final, em que cada um teve um prisma de como atender as demandas as quais estavam se propondo atingir; em seguida falaram sobre Hard skill e Soft Skill e o que é necessário ao gestor neste novo cenário em que a sociedade está vivendo, exaltando o mérito dos gestores neste quesito para conseguir tirar o melhor de seus times, mesmo que fosse à distância.
Finalizaram respondendo à pergunta sobre como os profissionais de outras áreas, como TI, RH, Produto, conseguem se preparar para os novos tempos, salientando que o traquejo das agências, organização entre os times, estrutura de redes e ferramentas, sendo um bom começo de hard skills no qual há um maior controle de financeiro, melhoria da comunicação interna, entre outras, sendo o principal e o melhor começo para um bom resultado, a capacidade de soft skill.
Paulo Martinez, COO na Agência Ginga, trouxe uma visão humana e natural dos novos tempos e falou sobre como desbloquear a inovação e a criatividade em meio às transformações humanas e organizacionais.
Em um cenário natural, Martinez exaltou que tudo que possuímos vem da natureza e – até mesmo – nós, os seres humanos, somos resultado desse processo, sendo fundamental a preservação desses recursos para evitar nossa própria destruição.
Em seguida, falou sobre dados da evolução humana até chegarmos ao contexto em que vivemos, provocando uma reflexão sobre se o ser humano de comportamento predatório e degradação, utilizando os recursos sem limites, não é o verdadeiro vírus da Terra?
“Assim, é essencial que nos inspiremos na natureza, no conceito de inovação, trazendo isso para o dia a dia dos negócios, como colaboração, adaptação e diversidade, porque a natureza já é assim. A natureza é a mãe de todas as inovações”, disse.
Segundo ele, atualmente, em meio à pandemia, encontramos duas forças: aquela que vem de fora pra dentro, através de todos os acontecimentos no entorno, e de dentro pra fora, em que as pessoas estão sentindo a necessidade de atuar, de adaptar, de crescer. Desta forma, a força dessa transformação é personificada nas pessoas.
Para os negócios, isso significa uma maior responsabilidade social, financeira e de governança, trazendo outros fatores que – não necessariamente – são apenas financeiros para tomadas de decisões em investimentos e na geração de valor.
Com dados estatísticos, mostrou que desde 2009 isso vem crescendo de forma contundente, sobretudo nos últimos anos. Citou a geração milenium como uma das maiores forças sociais e econômicas, mostrando que 84% deles tem interesse em investimos mais sustentáveis e responsáveis, além de movimentar cerca de 88 milhões de dólares em investimentos, mostrando o quanto é importante que as empresas sejam realmente responsáveis sob o prisma ambiental, social e econômico, pois esta é a raiz da inovação.
“Existe a crença de que inovação é basicamente tecnologia, mas ela passa por aspectos mais conscientes e por uma real conexão da sociedade com a natureza”, alertou.
Explana sobre os cinco paradigmas que acredita que precisam ser transformados: o crescimento para a permanência, discutindo se ser maior é melhor, explicando que metas de crescimento são saudáveis, mas alerta que não há espaço para todo mundo crescer, então devemos mudar essa concepção para uma de ser maior, mais próspero e tentar ser mais adaptável ao que importa, sem “matar” seu concorrente; cita a Exploração para a regeneração, na qual não se deve ultrapassar os limites dos recursos, evitando a excassez e fazendo um manejo sustentável; Diz que o Lucro deve ter um significado, um conceito de valor para as pessoas, para a comunidade e não apenas ao acionista; fala sobre o Ensino para Aprendizagem, no qual é necessária uma reformulação para formação do exercício de pensar; e, por fim, que deve haver uma transição da Tecnocracia para uma ética mais inclusiva, porque a inovação não e só tecnologia. Que a tecnologia não deve estar acima de tudo e sim a serviço da sociedade. “Esses são os cinco conceitos que chamo de raízes da inovação, as cinco raízes que a permeiam, com a estrutura em forma de tronco, os frutos – com resultados gerados de forma positiva e a vida de novas árvores. Esse é o conceito, um novo olhar, uma reflexão para voltarmos à nossa essência, a nossa própria natureza humana”, encerrou.
Na sequência, Edson Sueyoshi, – VP, Tecnologia e Produção da R/GA, falou sobre conceito e desafios na Gerência de Projetos no meio digital, discorrendo sobre a importância de um executivo de produção para qualquer tipo de filmes (a RG/A nasceu dentro da indústria cinematográfica), já que ele é quem garante que o filme seja realizado dentro do tempo, do budget e da qualidade técnica na qual a história deve ser contada, e traça um comparativo deste profissional com o Gerente de Projetos de uma agência.
A tecnologia de artes e ciências começou a ser utilizada na publicidade nos anos 80 e nos anos 90, com o nascimento da internet comercial, o idealizador da RG/A decidiu abandonar o mercado cinematográfico e mergulhar de cabeça nas tecnologias digitais, gerando projetos de produtos e serviços capazes de interagir com – até mesmo – o consumidor final.
Com a evolução da tecnologia e a mudança do comportamento dos consumidores, gerou não só um problema na comunicação, mas sim na forma como essa comunicação é passada. Assim, a grande preocupação do mercado, hoje, é como utilizar estas ferramentas digitais, aproveitando ao máximo os talentos e criando um futuro mais produtivo e humano. Para isso é de extrema relevância entender a expectativa do cliente e do consumidor.
E é neste contexto que entra a criação de serviços de aplicativos para celular, o mobile app. Porém, importante citar que não adianta criar qualquer produto, não pode ser efêmero, deve-se criar valor comercial de fato.
Edson diz que o celular é um canal digital fundamentalmente diferente dos outros canais digitais. É uma conexão muito mais íntima das pessoas com as marcas, porque ele está ao alcance das mãos, em todos os lugares. Por isso, define muito o padrão de como a marca aparece. Pensando nisso, exalta que um APP é o que define todo um arsenal de tecnologia capaz de levar uma marca no bolso, para o bem e para o mal. E completa “essa é a hora da verdade”.
De acordo com ele, um APP mobile, nunca é apenas isso. “muitas vezes, vemos que um app é algo que está ali, com quem está com o celular à mão, porém aquilo é só a pontinha do iceberg, embaixo tem um monstro enorme de serviços, backend, CRM, integrações com terceiros, infraestrutura de cloud, de segurança, endereçamento de dados, entre muitas outras coisas”, disse.
E isso é só um pedaço do que representa o mobile APP do ponto de vista técnico, porque o sucesso desta experiência depende muito do pensamento mais holístico dentro da organização, aliada aos parceiros. “Não existe transformação digital, sem transformação na corporação e no modo como ela olha para este tipo de projeto e da própria transformação digital”, alertou.
“Tudo isso envolve muito as pessoas e os processos, mas principalmente tem que ter o entendimento de que isso é uma jornada de mudanças”, encerrou.
Vinicius Cesar, CEO da Privally Global, discursou sobre o futuro da privacidade no mercado da comunicação e as mudanças em tempos de LGPD e já começou com força total, citando que o mundo – como um todo – está cada vez mais preocupado com a privacidade, em todos os níveis, desde as organizações mundiais ao consumidor comum.
As tecnologias estão mudando, um exemplo são as atualizações de celulares em que cada vez pode-se ver sistemas de segurança como um dos fatores principais.
Desta forma, Vinicius citou países e blocos com níveis de maturidade maior – em que há upgrades de segurança, sendo que a LGPD – por exemplo – é apenas o início em termos de segurança tecnológica, com as empresas, os negócios e as pessoas interligadas, porque não basta se proteger, seus parceiros também têm que estar protegidos. “Vivemos numa cadeia de redes e se não estarmos ligados inclusive para a proteção de dados, não tem como assegurar nada”, disse.
O cybercrime está crescendo, com facções criminosas cada vez mais especializadas. É uma realidade, o que torna preocupante o vazamento dessas informações. A LGPD gera um mercado fértil em tecnologias e transformações, com mais de R$ 250 bilhões aplicados neste mercado, inclusive ao mercado da comunicação, que tem se adequado dia a dia sob o aspecto da segurança, com projetos alinhados às leis internacionais. Segundo Vinicius, há um equilíbrio tênue entra privacidade e conveniência, sendo um desafio constante para as grandes empresas, que – no final – terão a responsabilidade nesta balança.
O mundo está preocupado com proteção de dados e o marketing é natural. As marcas vão compartilhar valores diretamente com os consumidores e as empresas vão buscar tecnologias de proteção, de escudos que impactam – inclusive a propagação de diversas propagandas, gerando um efeito cascata no aspecto financeiro das empresas.
Uma das possibilidades é a adequação das companhias, entendendo a fundo seus consumidores, o que querem, esperam, as mudanças pelas quais o mercado passa, as segmentações com fontes alternativas.
A privacidade tem que ser mais leve, mais suave, mais fluída. Não algo que incomoda, que trava tudo, que retrai. O desafio também é desenvolver uma política de privacidade mais embelezado, que faz parte do dia a dia, sem ser uma corrida de obstáculos e finalizou “o vitorioso dentro desse processo, vai ser aquele que é mais resiliente e capaz de se adequar às novas necessidades de interação, do básico de cada um e do desenvolvimento das estratégias.”
Open Advertising: a arquitetura aberta da publicidade, foi o tema da palestra de Daniel Prianti, da BPool, que explicou o novo conceito de arquitetura, mostrando como entende a evolução da publicidade em três momentos distintos.
Separou-os até os anos 2000 – dizendo que antes, era utilizado o modelo de agência full service – que ele classifica como um estilo de arquitetura mais fechado; passando pelo momento atual – em que há um modelo mais aberto de contratação; e chegando ao que vai ser daqui pra frente, no qual o cliente tem um estrategista de negócios, o veículo como uma relação de planejamento e o profissional que faz tudo funcionar.
Em sua visão, a contratação acontece por projetos, em economia compartilhada. Define-se valor pelo que entrega, no escolher parceiros preferenciais, em trabalhar com múltiplas empresas dentro do mesmo projeto, em ter o time certo, com o projeto certo, na hora certa, em conjunto com a tecnologia, tudo fluindo, além de amarrar as pessoas em torno de um objetivo comum, o sucesso do cliente.
“A contratação aberta melhora a transparência, a colaboração faz com que meu perfil melhore e isso gera mais projetos, para que eu sempre busque me aprimorar ainda mais dentro deste método”, resumiu.
Na palestra que se seguiu, Rubens Neistein, CEO na Blockmaster, explicou o que é blockchain e como ele vai muito além do bitcoin, desmistificando seu uso. “Até hoje, muita gente associa Blockchain – única e exclusivamente – com Bitcoin. Mas, na verdade, não é só isso. Apesar do Bitcoin ter sido o precursor, a primeira aplicação, ele é uma ferramenta muito mais completa, que pode ser aplicada em diversos segmentos”, disse.
Explicou o que é o Blockchain, elencando os aspectos principais de seu uso e traçando um comparativo com a internet, dizendo que o Blockchain fará pelas transações, o que a internet fez pela informação. Discorreu que a aplicação traz uma série de melhorias no controle diário – tendo em vista uma maior transparência nas transações digitais, tornando-as muito mais confiáveis.
Sintetizando o Blockchain como um “grande livro-razão”, Rubens disse que a unicidade, além da possibilidade de compartilhamento por todos os usuários de forma simultânea são o mote, pois todas as transações são registradas, verificadas e validadas nele, sendo um registro público, único e imutável. “É uma solução composta por elementos de criptografia e computação distribuída, que estabelece a automação de processos, com um compartilhamento de informações entre as partes, através de algoritmos de consenso e transparência nas transações”, definiu.
Rubens ainda demonstrou todas as formas de aplicações que podem ser utilizadas pela Blockchain em diversos setores como Energia, Direito, Mercado Financeiro, Esportes, Política, Games, Mercado Imobiliário, Saúde, Educação, Entretenimento e Artes, entre outros, finalizando que o protocolo Blockchain pode não ser a solução para tudo, porém garante inúmeras vantagens e – a principal característica, a imutabilidade de todas as informações, acessíveis fulltime.
Na sequência, painel com Daltro Martins, da ABRADI, Daniel Queiroz, da FENAPRO e Silvio Soledade, da APP Brasil, discutiu a Gestão em um mercado de mudanças, tendo em vista a pandemia que acomete o mundo.
Iniciaram, salientando que este aspecto – independente de qualquer condição adversa atual, já estava em foco dentro das empresas e das entidades.
“A matéria prima é a criação, porém a gestão interna de processos, de relação com clientes, na relação com as pessoas, é o olhar para o futuro. É necessário ser multidisciplinar e não apenas financeiro. É um desafio constante que envolve todas as disciplinas”, disseram.
“Financeiro é uma parte muito pequena da gestão, porque as coisas têm que ser resolvidas muito antes de chegar nesta ponta da escala dos trabalhos. A bola tem que estar redonda desde a origem dos projetos”, alertaram.
Exaltaram que a pandemia acelerou muito a transformação digital em todo o mercado, criando métricas, dados e novos meios de gestão e utilização de plataformas, chegando à conclusão de que existiram aspectos muito ruins trazidos pela pandemia, porém, o saldo final foi uma transformação digital que estava seguindo a passos de tartaruga, em que os obstáculos sempre pareciam instransponíveis, para uma aceleração de trem-bala, que forçou as mudanças, quebrou paradigmas, produziu uma evolução para uma relação mais organizada, mais profunda. E tudo isso, acontecendo de um dia para o outro, sem planejamento, de forma surpreendente, que fez com que todos vissem o quanto são capazes de uma rápida adaptação para a sobrevivência.
Falaram muito sobre questões sociais, a relação das empresas com os consumidores, as marcas engajadas, a capacidade de transformação econômica e comportamental em todos os setores e a necessidade de aprendizado do que vai ser de agora em diante. Alertaram que é essencial se movimentar, se reinventar para continuar no mercado e finalizaram que o trabalho remoto, além da mudança na forma de gerir de maneira muito mais técnica, passou a ser o desafio a ser mantido e aprimorado, sem utilizar isso como uma desculpa para redução de receita, ainda que seja importante a adequação.
Comunicação fragmentada e Gestão na publicidade, foi o foco da última palestra do dia e Carlos Pitchu, VP de Comunicação, Mídia e Conteúdo na Natura, em conjunto com Ramon Oliveira, idealizador do evento, discutiram estes aspectos e as mudanças nos tempos atuais, em meio a um papo aberto e franco, com respostas às perguntas dos participantes.
Entre as questões, o que mudou para Pitchu, quando deixou de ser executivo de agência, para atuar diretamente em uma marca e, segundo ele, há uma percepção de que existe uma mudança entre os anunciantes que passaram a acreditar ser necessário trazer para o mercado cabeças produtivas, com pensamento de gestão de projetos para dentro das organizações. “Muito da produção de conteúdo e da distribuição de mensagem, começam a se configurar como atividade core do negócio. Assim, nos últimos dois anos, dá pra fazer uma lista de publicitários que saíram de agências e foram para dentro do cliente”, disse.
A fragmentação, de acordo com ele, é esse enorme crescimento de pontos de contato, de distribuição de mensagens, serviços e conteúdos, que fazem os anunciantes considerarem ter mais domínio, um SLA diferente da gestão de uma série de pontos.
“As agências precisam começar a ganhar uma função e foco diferentes. A grande entrega da agência é o capital criativo, com o frescor que consegue cultivar, com o tipo de profissional que consegue cooptar e formar. E essa orquestração e desdobramento de centenas de pontos de contato, começa a virar uma atividade volumosa que requer muita gestão, para que o cliente consiga operar – muitas vezes – dentro da própria estrutura, com mais facilidade, SLA e custos mais interessantes”, ensinou.
Em seguida discorreu sobre o que chama de dilema e paradoxo vivido pelas agências em um momento de transição, no qual o modelo de remuneração e agenciamento antigo – que ainda está em voga – está se esgotando, enquanto o novo ainda não está claro. Além disso, elas têm que se especializar cada vez mais em compreender e estudar profundamente as necessidades e o negócio dos clientes para se chegar à uma boa operação dessa fragmentação, ainda que o próprio cliente acabe colocando algumas travas de aproximação com as agências. “Então, o dilema é sobre ficar no antigo ou assumir de vez o novo, enquanto que o paradoxo passa pela necessidade de aprofundamento das relações cobrado pelos clientes e vedado – muitas vezes – pelas próprias empresas. Essa é uma equação que ainda precisa ser resolvida: como construir modelos econômicos que permitam operar com essa fragmentação de comunicação e como estar próximo o suficiente dos clientes para entender as particularidades de cada um dos modelos de negócio, para conseguir construir relevância, na velocidade que cada um desses canais precisa ter”, explicou.
A lógica de distribuição de informações através da internet, com a diversidade de abordagens, trocas e possibilidades em relação ao consumidor, foi o assunto seguinte.
Pitchu finalizou o segundo dia de evento com uma reflexão sobre as agências tradicionais e as novas, falando sobre os modelos de gestão em transição, mais fáceis ou mais complexos de serem implantados, neste momento em que nada está muito definido.