Projetos de impacto social e cultural muitas vezes esbarram na falta de planejamento e dificuldade de aplicação no mundo real. Muitas ideias, inclusive, não vão para frente mesmo sendo necessárias para mudança social. O problema? A própria limitação de recursos, acesso à consultoria profissional e técnica para tornar a ideia aplicável e promover transformação relevante na sociedade.
A Glocal, criada em 2012 por Marcos Botelho, promove encontros que dão voz e espaço para projetos sociais divulgarem suas causas e mobilizarem voluntários. Com o tempo, começou a usar sua rede para caminhar próxima de organizações de projetos de empreendedorismo social e servir a elas de uma forma mais efetiva. Foi aí que Botelho se juntou a Maurício Vergani, mentor Endeavor e executivo de grandes empresas como Xerox e Oi e Cesar Bertini, empreendedor e sócio da SmartMoney Ventures para fundarem a Glocal Aceleradora.
Desde o primeiro ciclo em 2019, 52 organizações foram aceleradas, com suporte e mentoria a empreendedores. Juntas, elas impactam mais de 105 mil pessoas em 18 cidades do Brasil. Em evento realizado no mês passado no Largo da Batata, em São Paulo, foi dado início ao sexto ciclo de aceleração com mais 12 organizações pré-selecionadas, desta vez totalmente presencial.
“Nosso programa oferece condições para os empreendedores se desenvolverem como líderes e fazerem seus projetos serem mais transformadores e financeiramente sustentáveis. Em média, após 18 meses de aceleração, eles reportam um crescimento de quase 70% no número de pessoas impactadas e de 401% nos recursos captados para atender melhor seus beneficiários e criar novas frentes de atuação”, afirma a diretora executiva, Juliana Gouveia.
O trabalho da Glocal junto às organizações é composto essencialmente por três pilares: conhecimento, mentoria e trabalho em rede. Esta base de sustentação leva a uma trilha para que as organizações possam se desenvolver em áreas essenciais para seu crescimento, como: gestão e estratégia, comunicação e marketing, contábil e jurídico e captação de recursos. A capacitação acontece por meio de aulas dinâmicas, promovidas por profissionais com experiência no mercado que atuam voluntariamente na Glocal.
“Acredito que utilizar do nosso know how, rede e experiência na condução de ideias, como fazemos com as startups, é uma forma muito produtiva de contribuir com estas propostas que têm grande relevância na sociedade e que, sem este aparato, teriam muita dificuldade de vingar. Fazer a diferença e criar esta nova agenda já é parte da filosofia de trabalho de um empreendedor que pensa fora da caixa, seja de qual área for”, afirmou Bertini.
DNA empreendedor a serviço do social
A Glocal não se propõe a ser um braço “operacional” dos empreendimentos sociais, mas sim uma ferramenta de capacitação e escala dos empreendedores. Para isso, mobiliza voluntários que se sentem desafiados por problemas sociais, mas não sabem como contribuir para a sua resolução.
“Catalisamos a conexão entre demandas de empreendedores sociais e profissionais que atuam em diversas áreas como marketing, administração, finanças, vendas, tecnologia, atendimento a clientes, direito, etc. Esta conexão é feita por meio do ‘match’ de necessidades dos empreendedores e das competências dos voluntários para atuarem como mentores e educadores. No meu caso, aplico os conhecimentos que já utilizo para startups através da facilitação de sessões e mentoria de projetos”, explica Cesar Bertini.
A Glocal Aceleradora conta hoje com mais de 50 voluntários por ciclo oferecendo ferramentas e apoio para projetos sociais se tornarem ainda mais transformadores, para impulsionar o impacto social daqueles que se dedicam a mudar o mundo. “Se você é um profissional e gostaria de impactar a sociedade com sua profissão e seu conhecimento, tenha certeza que temos diversos projetos e empreendedores que adorariam caminhar com você”, completa Juliana.