Por Joceline Seixas, Senior Business Partner Manager da CI&T
Recentemente,
assistindo a uma aula de pós-graduação com o renomado psicólogo
americano e jornalista Daniel Goleman – autor de best-sellers que
abordam o tema da inteligência emocional -, me deparei com um assunto
que
à primeira vista me pareceu banal e corriqueiro, e para o qual muitas
vezes não damos uma atenção real no dia a dia: a mudança de
hábitos.
Durante a aula,
Goleman trouxe à tona a discussão que o hábito é uma resposta
padrão do cérebro para uma situação desafiadora. E que mudar hábitos
demanda tempo e esforço. Por isso, ele acredita que a
inteligência emocional é uma área que pode — e deve — ser desenvolvida
ao longo da vida. Um dos aspectos da inteligência emocional,
de acordo com ele, tem a ver com capacidade do indivíduo em se gerir.
O que me chamou
atenção nesta aula foi a estruturação desse processo de
mudança. É algo que pouco fazemos na nossa rotina diária, pois atuamos
no piloto automático. Nesse processo, destacam-se cinco elementos
que listo a seguir:
Motivação
Ao decidir por este novo processo de mudança, seja ele um hábito ou um novo
aprendizado, pare e faça a reflexão:
Por que isso é importante para mim?;
Por que eu quero mudar? Por que eu quero esta nova habilidade?;
O que eu ganho com essa mudança? Que benefícios isso me trará?;
Como quero me sentir em relação à esta mudança?
Tendo clareza
das respostas, você terá de fato a sua motivação. Ela é um
combustível poderoso para o seu processo, pois sem o caráter motivador
você não sairá do lugar. Neste momento, você também já
estará emitindo sinais para o seu cérebro de que há o início de um novo
processo de aprendizado. Por isso, registre no papel e de outras
formas essa nova meta para ficar ainda mais significativo. Desta forma
se gera um compromisso consigo.
Suporte
Saiba que toda
ajuda é bem vinda. Ter uma rede de apoio para te ajudar durante a
jornada de mudanças é essencial, e devem ser pessoas escolhidas à dedo,
que tenham convicção emocional de que você conseguirá. Conte
a elas sobre o desafio que está se propondo e gere um laço de
comprometimento entre vocês. Peça para que sejam cúmplices nessa
jornada,
dando feedback, motivando e “puxando a orelha” também, quando
necessário.
Avaliação
Se avalie
durante o processo. Meça suas evoluções. Como estava quando iniciou o
processo e como está passando por ele agora? Peça feedback e encare
essas avaliações como um presente, pois isso te servirá como uma
bússola para que chegue na meta, ou “pote de ouro”. Também te ajudará a
ajustar o caminho, caso perceba que não está indo na
direção correta.
Planejamento
Faça um
planejamento que inclua onde você está e onde quer chegar, um passo por
vez; qual a distância; quanto falta; Quais e quantos passos você precisa
dar para chegar até o objetivo. Faça um roadmap da sua jornada
e anote bem a evolução para revisitar quando necessário. Isso te dará
ainda mais foco e direção na jornada.
Prática
Com este novo
hábito de aprendizado sendo estabelecido, pratique de forma
intencional e sistemática. Faça isso em todos os âmbitos da sua vida
para que o seu cérebro não veja mais distinção. Ao praticar o
novo hábito insistentemente, você atingirá um novo marco neural. Isso
por que nosso cérebro busca automatizar comportamentos para
economizar tempo e energia. E justamente por que a nossa mente gosta de
economizar, ela pega os caminhos já conhecidos. Então, pratique e
seja persistente, pois é um processo que pode levar de três a seis
meses, mas com este novo caminho se estabelece o hábito e o
aprendizado se tornará natural.
Colocados estes
cinco elementos, tomarei a liberdade de acrescentar um tempero novo
a eles, que é a gentileza com si mesmo. Todo processo de mudança demanda
esforço e vem carregado de algumas frustrações e desânimos ao
longo do caminho. Por isso, nos esquecemos muitas vezes de nos
“abraçarmos”, de sermos gentis com nós mesmos. Isso é natural, pois
toda mudança exige coragem. E sim, estamos sendo corajosos ao encarar o
desafio de transformação. Precisamos ter neste processo de
autogestão o olhar mais terno. Pois não existe processo de mudança
desconectado de emoção. Se tivermos emoções positivas conosco,
isso nos fortalecerá ainda mais para a jornada.
Então, avalie o que você quer mudar nos seus hábitos e coloque na sua cartinha
de promessas para 2020, para que seja um ano transformador na sua vida!