Por Matheus Jacyntho
Práticas
de integridade são
cada vez mais presentes nas empresas brasileiras e, no mercado de
agronegócio, não é diferente. Algumas companhias do setor possuem
programa de integridade, guiados, principalmente, por um código de
ética, cuja finalidade é propiciar um ambiente corporativo mais
transparente, com menos probabilidade de corrupção e outros atos
ilícitos.
Entretanto, ainda falta efetividade e maior robustez por
parte das empresas quando o assunto é compliance no agronegócio. O
recado é valido para todos os âmbitos do mercado, desde as gigantes,
com suas vulnerabilidades expostas na cadeia de fornecedores, por
exemplo, até as cooperativas, que precisam estar atentas aos riscos do
trabalho informal, podendo denotar como trabalho análogo ao escravo.
Mesmo com o advento do “Selo Agro Mais Integridade”, do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que premia a
conduta ética e sustentável de empresas do agronegócio desde
2018, o que se nota é que, ao passo da ampla divulgação do tema, muitas
organizações ainda não entraram na rota correta para proteger
seu negócio, sua reputação e seus profissionais. Falta muito a fazer.
O caminho para a consolidação efetiva da governança
corporativa no meio rural está em oito passos práticos, não resumidos
somente na adoção de um código de ética. Figuram-se neste
octógono ético o apoio da alta administração; uma estrutura dedicada
para implementar e manter programas de compliance; um projeto de
mapeamento de riscos; treinamento e comunicação aplicável a todos os
colaboradores; diligências de integridade para a contratação de
terceiros; monitoramento e auditoria, e, por último, a criação de um
canal de denúncia para relatar de ações ilícitas, tais como
corrupção, assédio e condições insalubres de trabalho.
O agronegócio não está imune aos problemas de
corrupção, fraude, crimes ambientais e desrespeito às leis trabalhistas,
e por isto a importância de valorizar uma iniciativa como o
“Selo Agro + Integridade” do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA). As inscrições da edição 2020-21 do Selo Agro+
Integridade começam em 02 de março de 2020.
As organizações que vislumbram os benefícios de um
programa efetivo de compliance vão além do mero atendimento de um
requisito legal. É um investimento que gera frutos. São melhorias na
cultura organizacional da organização, na redução de custos com fraudes e
sanções, e, também, na atração e retenção de talentos,
dentre outros ganhos.
O Programa de Compliance pode começar pequeno, mas
precisa ter raízes fortes e ser nutrido para ramificar. E, como
resultado de um trabalho árduo, dará muitos frutos, por anos e anos. Que
tal participar desta colheita?
*Gislene Sousa é gerente de Compliance na ICTS
Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e
privacidade de dados, única empresa de consultoria reconhecida como Empresa Pró-Ética por quatro vezes seguidas.