Crianças têm amigos imaginários com quem conversam e compartilham sentimentos. Esse foi o ponto de partida para a maior organização sem fins lucrativos do mundo dedicada a famílias que enfrentam o diagnóstico de tumores cerebrais infantis – a Pediatric Brain Tumor Foundation – e a agência independente de publicidade RPA de Santa Mônica, na Califórnia, criarem um mundo fictício de criaturas animadas para entreter os pequeninos em tratamento contra o câncer. O objetivo da iniciativa batizada como Sociedade dos Amigos Imaginários (tradução literal para Imaginary Friend Society) é ajudá-los a compreender a doença e, com isso, sentirem-se mais confortáveis. O projeto ganhou agora uma versão em português, graças à união de voluntários brasileiros que deram vozes e produziram essa animação.
A meta dessa corrente do bem, que foi criada nas redes sociais, é fazer com que os episódios cheguem aos hospitais onde são realizados os tratamentos de câncer para crianças. “Fiquei muito sensibilizado com a mobilização e não podia ficar de fora. Afinal, como dizer não a um projeto valioso como esse? É uma ação incrível, com mobilização incrível”, afirma o dublador Cristiano Capellaro, que, além de emprestar sua voz, convidou alguns colegas para participar da ação e dirigiu esse trabalho.
Ele conta que o convite para participar do trabalho veio do amigo André Castilho, sócio da La Casa de la Madre, produtora de filmes especializada em storytelling. Tudo começou no final do ano passado. Castilho lembra que navegava pela internet, quando a ação passou pela sua timeline. “Quando vi o projeto me emocionei duplamente, porque estava terminando de escrever um livro infantil que conta a história de uma criança com câncer, que será lançado em fevereiro do próximo ano. Assim como o projeto da Sociedade dos Amigos Imaginários, minha inspiração foi justamente falar de um assunto tão delicado e doloroso para tantas famílias que passam por esta difícil situação. Na hora, fiz um post convidando amigos de produtoras de áudio da minha rede de contatos para ver quem toparia contribuir na produção dos episódios”, diz.
A resposta foi quase imediata. Em poucas horas, já contava com vários colaboradores. “Queremos que as crianças do nosso país também tenham acesso ao conteúdo e entendam como é o tratamento do câncer de uma maneira mais fácil e, dessa forma, enfrentem melhor a doença”, afirma Castilho que também emprestou sua voz para alguns personagens.
Todos os dubladores gravaram de suas próprias casas e enviaram os áudios para que Capellaro montasse cada episódio e o enviasse para a Tentáculo, produtora de áudio, fazer a mixagem. Outra produtora que também colaborou com a ação foi a Mdois.
Diretor brasileiro
Antes de dar início aos trabalhos, o grupo enviou um e-mail para a RPA pedindo autorização para produzir a versão brasileira. Para a surpresa dos integrantes, o diretor de criação era um brasileiro: Fabiano de Queiroz Tatu. “A Sociedade dos Amigos Imaginários é o projeto mais gratificante, sem sombra de dúvida, que já tive a oportunidade de fazer parte. Estou muito orgulhoso da sua utilidade e longevidade. No entanto, mesmo amando a ideia e seu tremendo impacto, espero ansiosamente o dia em que esses vídeos não sejam mais necessários”, diz Tatu.
Para assistir aos episódios, basta acessar o canal do projeto no YouTube.
A sociedade
Com dois Leões de Ouro conquistados no Festival de Cannes deste ano, os amigos imaginários aparecem em uma série de 19 episódios. Cada um deles aborda as experiências que uma criança passa durante o diagnóstico e o tratamento do câncer. Entre os temas abordados estão o que é ressonância magnética, quimioterapia, transfusão de sangue e como agir no retorno à escola, entre outros.
No evento de lançamento do projeto, realizado em setembro do ano passado, a presidente e CEO da Pediatric Brain Tumor Foundation, Robin Boettcher, afirmou que o objetivo é “ajudar as mais de 4.600 crianças diagnosticadas com um tumor primário no cérebro ou no sistema nervoso central a cada ano. São 13 novos casos por dia”, disse. “Esses filmes nos ajudam a equipar, educar e capacitar as famílias ao longo de sua jornada, explicando aspectos difíceis do tratamento do câncer e dando às crianças confiança e coragem”, completou.
Lançamento
Sempre envolvido em projetos voluntários que, de alguma forma, possuem um propósito pessoal e social, André Castilho lançará em breve um livro independente e de sua autoria que conta a história de uma menina com câncer terminal. Na narrativa, a garotinha é amparada por sua avó que a ajuda a enxergar o mundo com os olhos de sua imaginação como uma forma de aceitação de seu processo.
Sobre La Casa de la Madre
A La Casa de la Madre foi fundada em 2012 e tornou-se reconhecida por se utilizar da linguagem cinematográfica para contar histórias para marcas em diferentes plataformas. A produtora recebeu em 2017 o primeiro Grand Clio de Entretenimento da América Latina com o filme “Movido a Respeito”, produzido para a Rede Globo, também vencedor do leão de prata no festival de Cannes do mesmo ano. Além desses, também já foram conquistados prêmios como Lions Health, Cannes Lions, Clio Awards, FIAP, entre outros. Recentemente, o curta-metragem “Reencontro”, produzido para a LATAM, foi selecionado no LA Shorts Festival.
La Casa de la Madre conta também com um selo próprio voltado à produção de documentários, o La Madre Docs. O projeto apoia e dá suporte a cineastas e documentaristas autorais a fim de desenvolvê-los conjuntamente. “Huni Kuin – Os Últimos Guardiões”, filme que aborda a relação de uma tribo indígena com a floresta foi o primeiro curta do selo, premiado como melhor documentário na categoria “Award of Excellence”, no festival norte-americano Impact Docs Awards. O curta foi finalista do DC Shorts Film Festival, além de ser selecionado para o XV Cine Pobre Film Festival, para o Enviromental Film Festival Albania e para o New York State International Film Festival.
Para conhecer mais, acesse www.lacasadelamadre.com.br