Por Silvia Andrade
Quando voltei da licença-maternidade, recebi um convite na empresa onde trabalhava para liderar o portfólio de produtos para bebês na América Latina. Muita gente comentava que minha experiência de vida recente poderia me ajudar nesse novo desafio. Mas, na verdade, o que me deixou animada com o desafio era trabalhar numa categoria carente de inovações.
Nos meus cargos anteriores, atuei em categorias que eu tinha alto engajamento – cuidados para o cabelo, por exemplo. E também trabalhei com categorias em que meu engajamento era praticamente nenhum, como barbeadores. Em nenhuma das duas tive resultados e performance diferentes por ter ou não conhecimento pessoal no tema. Ter um alto envolvimento não quer dizer que a minha realidade é igual à realidade do público que quero atingir.
A pouca experiência sobre as necessidades e o papel de uma categoria na vida do consumidor pode ser uma grande vantagem competitiva. Isso porque, dessa forma, a busca para aprender sobre as dores ou possibilidades na vida do seu público-alvo passa a ser sob um ponto de vista neutro. Uma folha em branco e nenhuma tendência em validar opiniões prévias.
Percebo pela minha experiência na unico, onde sou responsável pela área de desenvolvimento de produtos, que minha falta de experiência técnica tem o lado positivo e me ajuda a focar em que dores estamos resolvendo na sociedade, e não na tecnologia que podemos ou vamos utilizar. Assim, consigo ser mais clara em definir o problema a ser resolvido e dou liberdade ao time de engenharia para pensar qual pode ser a melhor solução. A mente inovadora, a curiosidade e a empatia, e não apenas a vivência pessoal ou conhecimento sobre uma categoria, é que terão um papel fundamental no sucesso de um novo produto.
Fazer perguntas claras, entender as dores ainda não atendidas e envolver as pessoas-chave na empresa é grande parte do desafio em conseguir desenvolver as soluções certas e aderentes ao público. Não precisamos ter as respostas sobre quais são as oportunidades na categoria, isso o consumidor já tem!
O que o consumidor não conseguirá te contar é qual a melhor solução para o seu problema! Essa é a outra parte do desafio em inovação. Mas isso fica pra outro texto sobre conexões, repertório e ferramentas para inovar. E você, tendo experiência ou não no setor onde atua, desenvolveu a empatia e curiosidade para compreender a fundo os problemas e dores do seu público?
*Silvia Andrade é diretora de produto na unico