Influenciador: Adjetivo substantivo masculino; Significado: que ou o que influencia.
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Não há nada melhor do que um bom dicionário para nos dar o norte sobre os significados literais de algumas palavras, que estão atualmente ligadas a uma massa coletiva que as usam como descritivo de suas funções.
Por quantas vezes navegando por perfis do Instagram ou até mesmo criando a sua conta você já parou, encarou a tela e penso: “Tá, mas afinal o que é um influenciador? Será que sou um criador de conteúdo? Qual descrição eu coloco na bio?”
Minha avó sempre me dizia que “quem quer ser bom em tudo acaba por não ser bom em nada”. Sábia vovó! Mesmo com seus mais de 90 anos de vida e a maior parte deles traduzidos em uma agenda repleta de anotações e um total de zero paciência e sinergia com a evolução tecnológica ela estava certa! Essa máxima faz todo sentido para qualquer ambiente, principalmente para o digital!
Nos últimos 12 anos, assistindo ao feroz avanço das redes sociais, vejo quase que diariamente diversos perfis caminhando (alguns a passos largos), ao mais profundo conflito de identidade e te digo que essa análise é pura e exclusivamente amadora, porque se vocês bem se lembram a minha imersão ao mundo da influência se deu a menos de 6 anos. Ou seja, como uma reles seguidora de perfis diversos, chego à conclusão que quem quer falar de tudo ou quer ser multicapacitado acaba por não comunicar com clareza ao que veio, nem tão pouco sobre o que domina.
Atualmente só no Instagram são mais de 1 bilhão de perfis ativos e se considerarmos a tríplice coroa do mundo digital Instagram, Tiktok e Youtube, temos o universo de 10 milhões de usuários que são influenciadores* ou que se dizem ser.
E ai de cara já entendemos porque o Brasil é campeão mundial no segmento!
Para começar a colocar a regra do jogo as claras você realmente precisa entender quem é Influenciador, quem é Creator e quem é Evidenciador porque apesar de se intitularem influenciadores, grande parte do universo de 10 milhões só evidencia, não cria e não influencia!
Então vamos a primeira parte desse esclarecimento. Afinal quem são os influenciadores?
Com o início das atividades utilizando os influenciadores digitais, as marcas estavam de olho na quantidade de seguidores e na habilidade do influenciador em gerar likes, seguindo a prática do quanto mais melhor. Mas, com o tempo isso passou a não ser mais o suficiente.
Mas percebeu-se que influenciar era mais do que isso, era a criação da intimidade, o transformar do pensamento em ação e isso só ocorre em uma pequena parte do estratosférico universo de seguidores que grande parte dos influenciadores tem, independente se estamos falando de 10, 40 ou 500 mil, sua influência se dá com menos de 1% desse universo.
> Influenciar no seu contexto literal nada mais é do que o call to action entre pessoas que só se conhecem pelas telinhas, mas que acreditam serem extremante íntimas e confiam de forma unilateral na indicação.
Mas nada é para sempre e no digital esse para sempre dura logo um story.
Novas ferramentas de automatização de likes, compra de seguidores, perfis inchados e resultados maquiados transformaram a lua de mel marcas x influenciadores x seguidores em uma amarga terapia de trisal, onde nem a terapeuta consegue reverter o cenário caótico que muitos perfis se tornaram.
Saímos da era das conexões e entramos na era dos interesses. Cada vez mais as pessoas consomem os temas que as interessam e menos o conteúdo que as pessoas e seus perfis que estão conectadas publicam.
Segundo a professora Lilian Ferrari, “As pessoas demandam novas formas de comunicação para serem impactadas. Os influenciadores digitais não são celebridades, são pessoas como eu, você…não são atrizes da Globo. Eles tem seu próprio carisma, sua originalidade, seu nicho e estão aqui para passarem sua mensagem”.
E concordo integralmente com ela, mesmo percebendo que a era dos influenciadores está cada vez mais querendo ser qualquer coisa menos a sua verdadeira identidade, o seu natural sempre com receio de que se vestir de si mesmo não engaje, não influencie, não venda, não traga marcas para que ele monetize.
No Brasil temos a máxima do “se deu certo com ele, eu também vou fazer” e acabamos por ter réplicas, muitas vezes forçadas, de perfis que encontraram a sua vertente de sucesso. Com isso o cenário apresenta influenciadores desconectados, depressivos porque tem que se forçar a ser o que não são, endividados porque tem que estar sempre aonde o perfil e influenciadores que ele tem como norte estão mesmo não sendo a sua realidade sócio econômica e infelizes porque percebem que a cópia não garante o estrelato.
O mercado de influência é moroso, demanda dedicação e por diversas vezes se torna cansativo e muito desanimador e por isso buscar a referência em que já está sob o holofote do estrelato traz a sensação de que é fácil, de que é glamoroso, mas é no dia a dia que a ficha cai e que se percebe de que não se tem almoço grátis.
O mercado sinaliza neste momento que ser original, mesmo que demande mais tempo, é o caminho. Pessoas se conectam com pessoas e quanto mais verdadeiras as histórias se apresentaram maior a chance a longo prazo desse influenciador ter sucesso e se manter quando passarem a peneira no que vale a pena se manter e o que se deve descartar. Temos que entender que apesar do imediatismo que o mundo digital nos mergulhou essa não pode ser a régua para balizar sua ascensão, porque tudo que vem fácil e a qualquer custo cedo ou tarde cobra um preço alto.
O mercado de influência é um trabalho e os influenciadores precisam acordar e perceber isso enquanto é tempo e deixar de acreditar que a fada madrinha aparecerá e transformará seu feed e seus vídeos tornando- o a nova sensação das redes sociais.
É preciso controlar esse barco enquanto a maré permite e acredite a qualquer momento os ventos podem mudar.