Imagina só: verão, muito sol, um dia tranquilo e você a passeio. É bem provável que se depare com um banner e a oferta: “barca de açaí”; que consiste em um recipiente em formato de barco, preenchido por uma quantidade enorme do creme de açaí com diversas frutas e guloseimas por cima. Quase uma obra de arte. Diferente, compartilhável e tendador, não é? Com certeza! Mas sob a ótica do branding, o que podemos observar sobre esse diferencial?
Bom, primeiro que não é tão diferente assim. Experimente digitar o termo no Google. Dê uma explorada nos resultados e até no mapa. Você vai perceber uma infinidade de notícias, fotos, endereços, vídeos e tutoriais que mostram que: ou tem uma pertinho de você; ou que você pode fazer a sua própria embarcação em casa. Não sei dizer quando, onde e quem iniciou esse movimento (possivelmente inspirado nos restaurantes japoneses) de utilizar o formato para vender açaí, mas acabou se espalhando por todas as cidades e hoje é muito comum encontrar também petiscos, hamburgueres e até combos (lanche, batata frita e refrigerantes) servidos no formato.
Analisando friamente o fenômeno:
- Marcas concorrentes oferecem o mesmo produto;
- A busca por diferencial de mercado se intensifica;
- Surgem ideias e uma das empresas se destaca;
- As demais observam o sucesso utilizam a mesma tática.
É bem comum vermos este ciclo acontecendo com diversos produtos ou serviços. A nova característica começa como uma grande novidade e acaba: ou se tornando uma tendência passageira; ou se transformando em um atributo básico para a categoria.
Diante desse cenário você concorda que é importante se posicionar como empresa inovadora, certo? Mas concorda também que o criador da barca agora é só mais um no mercado vendendo o mesmo produto? Pois é, voltamos ao tópico 01 da análise acima.
Isso acontece pois a diferenciação não está atrelada à alma da marca, facilitando a cópia pelos concorrentes.
Como falei no artigo sobre branding, cada marca é formada por atributos próprios que, quando amarrados da forma correta tornam aquela empresa única no mercado. Um bom exemplo disso é a Starbucks. Já percebeu que as unidades estão sempre cheias? Pessoas passando o tempo, estudando, trabalhando, em reunião com clientes ou só pegando um café para viagem, compartilhando tudo isso nas redes sociais e levando produtos da marca pra casa. Isso porque eles entregam mais do que somente café, promovendo uma experiência em cada ponto de contato, conquistando fãs e tornando o ambiente perfeito para diversas ocasiões.
Entendendo o sucesso da rede outras cafeterias passaram a oferecer serviços parecidos, a vender produtos da própria marca ou escrever o nome das pessoas nos copos, sem entender de fato que o grande diferencial não está nestes formatos e sim na alma.
Você não acha que seria estranho se o Starbucks fizesse uma “barca de café” para se diferenciar? Mesmo que o nome tenha saído do livro Moby Dick e o logo seja uma sereia, eles buscam “inspirar e nutrir o espírito humano” oferecendo “um serviço autêntico, uma atmosfera convidativa e uma excelente xícara de café habilmente torrado e ricamente preparado“. Observe e vai perceber que eles de fato entregam isso em cada detalhe.
Inovar para se diferenciar da concorrência é importante e um trabalho constante, mas somente ideias ancoradas às verdades da sua empresa irão de fato criar diferenciais que transmitam a alma da marca fazendo vento soprar a seu favor, te colocando à frente da concorrência de um jeito único.
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O que move a sua marca, hoje, na busca por diferencial? Será que vem da alma ou é uma resposta à tendências do mercado? Me conta aqui embaixo nos comentários o que você está pensando.
Abraços e até o próximo artigo!
Flavio Torres
Gramo Branding