Que tal expandir nossa visão sobre o conceito do que é ser um profissional de design? Muitos os associam a artistas, mas para mim sua função ultrapassa a arte. Solucionar problemas, ter compromisso com os resultados de seus clientes: isso sim é o que traduz um designer de excelência. A boa estética é super importante, mas sem uma solução criativa e inovadora ela se mostra ineficaz. Observem que todas as pessoas possuem uma identidade própria e com as marcas isso não é diferente. Podemos comparar o logo, que é o símbolo da empresa, com o rosto de alguém. Mas existem muitos outros atributos marcantes que te fazem lembrar de uma pessoa, como o cheiro, a forma de falar, as roupas, o sorriso, uma experiência…
Muitas vezes a primeira coisa que um empreendedor pensa quando está em apuros é mudar o logo. Mas porque isso acontece? No meu ponto de vista deve-se ao fato dele entender sua importância para o bom posicionamento da marca no mercado. Mas uma identidade visual vai muito além do logo. A tipografia, os grafismos, as cores, as imagens, valores, princípios, as sensações que ela provoca… tudo isso se feito com profundidade, a torna única, conecta, marca, cria memórias e identificação com clientes e consumidores. E é aí que entra o Branding! Ele auxilia na construção dessa identidade.
Através dele é possível obter o conhecimento profundo sobre a marca a ser construída. Sem ele a identidade visual é criada apenas com base em suposições. Ao supor as necessidades do cliente, corre-se um sério risco de não enxergar o problema real a ser resolvido (e que muitas vezes o próprio cliente desconhece). Existe um abismo cultural entre os designers e as pessoas para as quais eles estão tentando criar. A escritora francesa Anais Nin em seu livro, Seduction of the Minotaur de 1961, exemplifica bem ao falar: “Não vemos as coisas como são: vemos como somos”. Acredito que a única forma de ultrapassar esse obstáculo é adotando um olhar etnográfico. Isso significa tentar enxergar pelo olhar do outro, ou seja, o do público alvo e, dessa forma, compreender suas motivações, comportamentos e emoções. O designer que possui essas características é empático, consegue captar as respostas emocionais necessárias para criar uma conexão com o público alvo e obter respostas positivas através da ação de compra e fidelização do cliente.
Com toda essa compreensão da ligação que existe entre o branding e design é que se torna realmente possível desenvolver uma identidade visual com profundidade, pois marcas rasas não tem vida a longo prazo e estão fadadas ao fracasso.
Kariny Rangoussis | @rangoussis_branding
Publicitária e há 20 anos dedica-se à criação de identidades visuais estratégicas e memoráveis. Certificada em Produção gráfica pela ESPM é especialista em design estratégico de marcas. CEO da Rangoussis & Co. Branding Design e Coordenadora de Marketing da TVE Alagoas, afiliada à TV Cultura.