No último domingo, dia 28, o planeta acompanhou a despedida de Fancesco Totti de seu clube. Um dos maiores jogadores da história do futebol e sem dúvidas o maior jogador da história da Roma. O fim de uma era.
Totti foi craque. Um dos maiores. Mas não só dentro de campo. A história de um garoto, acostumado a acompanhar seu time de coração na arquibancada, e que mais tarde se tornaria o maior ídolo de toda a história do clube. Isso não se conquista só dentro de campo.
Imagine você, torcedor, apaixonado pelo seu clube, depois de 30 anos se tornar o maior ídolo da história do seu clube. É de arrepiar. E arrepia. Totti conseguiu isso.
Depois de uma partida dramática, a Roma conseguiu vencer o Genoa por 3 a 2 e garantiu o vice-campeonato italiano da temporada 2016/17 e de quebra, carimbou vaga direta na fase de grupos da UEFA Champions League da próxima temporada.
Mas o jogo foi o de menos. O mais emocionante estava por vir após o apito final. O momento que ninguém gostaria que chegasse. O momento de despedida de Totti do futebol. Pelo menos é o que ficou entendido quando ele mesmo disse em seu discurso que “nunca mais vou sentir o cheiro da grama tão de perto. Tiro a camisa pela última vez”.
Aos que tanto prezam por números e títulos, lamento. Totti tem um Scudetto, em 2000/01, um par de Copas da Itália em 2006/07 e 2007/08, duas Supercopas da Itália em 2001 e 2007 e o título mais importante que um jogador pode ganhar: uma Copa do Mundo, em 2006.
Pouco. Por tudo o que Totti representa para a Roma e para o futebol, pouquíssimo. Mas quem se importa? Quem se importa com a Bola de Ouro da FIFA? Não os romanistas. Dane-se a FIFA e seus representantes. O amor vale mais.
Como exibia a faixa nas arquibancadas do Estádio Olímpico ontem, Totti não precisa de grife nem títulos individuais. “Nós somos sua Bola de Ouro. Você é o nosso Scudetto” eram os dizeres da torcida para seu ídolo, que venceu o único Scudetto da história do clube.
Algumas pessoas não entendem como o futebol pode significar tanto para alguns. Histórias como a de Totti nos fazem ter certeza de que o futebol é a melhor invenção do homem. O amor à camisa do garoto que virou homem vivendo uma linda história de amor é comovente.
Gian Oddi resumiu a vida de Totti com maestria. “O moleque da Curva Sud virou gandula. O gandula virou promessa. A promessa virou realidade, e a realidade virou rei”.
Totti foi capaz de rejeitar uma proposta do Real Madrid por amor à camisa. Abriu mão de títulos e mais títulos que poderia ter ganho com os galácticos, para ganhar algo muito melhor que títulos: reconhecimento.
Confesso que escrevendo esse texto já escorreram algumas lágrimas em meu rosto. Falar sobre uma lenda nunca é fácil. Nunca vi a Roma sem Totti. Não queria ter que ver isso. Mas o momento chegou.
Toda história tem seu fim, e, depois de 8.821 dias a linda história de Francesco Totti, il capitano, com a Roma, chegou ao fim. Uma parte da história do futebol mundial chega ao fim também.
Ave, Totti! C’est solo um capitano!
Se dizem que um jogador de futebol morre duas vezes na vida, chegou a hora e aceitarmos que Totti morreu a primeira. Chegou a hora de aceitarmos que a Roma nunca mais terá seu camisa 10 em campo.
Obrigado pelos seus 28 anos de dedicação ao futebol e à Roma. Obrigado por fazer nós, torcedores, acreditarmos que ainda exista quem troque dinheiro e títulos, pelo amor, como você fez.
Com certeza os romanistas hoje estão de luto. Mas gratos, por tudo aquilo que Totti fez pela Roma. Sabemos que, como Totti disse, é difícil apagar a luz e tirar as chuteiras pela última vez.
Difícil não passar o dia vendo e revendo a declaração de amor que o jogador fez à sua torcida. A bola autografada que ele chutou na Curva Sud, para mim, representa o coração de Totti. Assim como fez com a bola, Totti entregou, sem pensar duas vezes, seu coração para a apaixonada torcida romanista. Sem pedir nada em troca. Apenas por amor.
Uma bola que representou uma carreira. Foi o último chute de Francesco Totti com a camisa da Roma. Foi o último presente dele à sua torcida. Sorte a de quem pegou essa bola. Sorte a nossa, que vimos Totti jogar.
As homenagens dos torcedores da Lazio com a faixa “os inimigos de uma vida saúdam Francesco Totti” só nos deixam uma certeza: Totti, você é o Rei de Roma!
Grazzie, capitano!