O TikTok deve lançar a loja oficial no Brasil em abril deste ano. A plataforma reúne ferramentas que permitem aos usuários vender e comprar produtos diretamente no aplicativo, sem precisar sair dele. Segundo dados de 2024 do DataReportal, o Brasil ocupa a terceira posição no ranking de países com mais contas na rede social, com 98,6 milhões de usuários ativos no TikTok.
A chegada da ferramenta promete transformar o cenário do e-commerce nacional, trazendo uma nova dinâmica para marcas, influenciadores e consumidores. Com um modelo de vendas altamente baseado em conteúdo e impulsionado por algoritmos de recomendação, a plataforma pode capturar de 5% a 9% do comércio eletrônico brasileiro em três anos, segundo projeções do Santander.
Para entender melhor esse cenário, especialistas analisam os impactos da nova plataforma:
Diferente dos marketplaces tradicionais, a plataforma transforma influenciadores em vendedores e torna a jornada de compra mais imersiva e dinâmica. Esse movimento reforça um debate que há anos domina a NRF Retail’s Big Show, o maior evento global de varejo: a integração entre canais de mídia e canais de venda. “O TikTok está dissolvendo as fronteiras entre marketing e e-commerce, acelerando um modelo onde a decisão de compra acontece no fluxo de consumo de conteúdo”, afirma Simone Gasperin, Sócia & Head de Marketing e Growth da BPool, um EGM (Enterprise Gateway Marketplace) estabelecido para transformar as contratações de serviços de marketing, impulsionando negócios e carreiras. “No SXSW 2025, o painel Speaking the Same Language: What Makes a Social Brand, reiterou que a linguagem das marcas é um elemento central da cultura digital. No TikTok, onde a identidade da marca se reforça em tempo real, dominar essa dinâmica será um grande diferencial”, conclui.
Segundo Luiz Menezes, fundador da Trope (consultoria de GenZ e Alpha), o início do TikTok Shop no Brasil permite fazer uma compra com poucos cliques, a partir do momento que não é necessário se deslocar direto para o e-commerce para que isso aconteça. “O encurtamento da jornada de compra vai de encontro às necessidades de comportamento das novas gerações – GenZ e GenAlpha -, que possuem pressa por atingir a satisfação dos desejos de consumo, então cada milésimo de segundo importa. O foco cada vez mais é de você gastar o menos tempo possível para que consiga ter o produto já dentro da sua casa, então a jornada logística está sendo encurtada, e o processo de compra também”, explica.O mercado de influência também vai ser altamente impactado, principalmente micro e nano influenciadores, na visão do especialista Alexandre Manisck, CSO da Social Talent, spin-off da Ollo voltada para o mercado de criadores de conteúdo. “É como se potencializássemos os programas de afiliados dos ecommerce, tirando fricção e deixando a compra mais natural. As possibilidades são inúmeras e acho que os criadores precisam ficar atentos para não perderem suas essências e virarem apenas vendedores virtuais. Outro movimento que deve ganhar força é a presença crescente de vendedores do varejo físico no TikTok. No entanto, resta observar como o brasileiro se adaptará a essa novidade”, ressalta.
Para Fábio Santos, CEO da LaunchPad Digital, plataforma de IA especialista em marketing digital, essa mudança representa uma quebra de paradigma na jornada de compra. O TikTok virou o que a TV era nos anos 90: um espaço massivo de atenção. Essa audiência não está só consumindo conteúdo, mas já existem mecanismos integrados para consumir produtos diretamente. “Isso muda completamente o jogo para marcas e criadores. Antes, um criador precisava direcionar seu público para um site externo, passar pelo fluxo de conversão tradicional do e-commerce. Agora, o funil de compras é literalmente um slide de conteúdo: você vê, você quer, você compra, tudo no mesmo fluxo. Reduzindo absurdamente a fricção”, conclui.