Por Daniel Marcos, Employer Branding Analyst da CI&T
Não é mais novidade para ninguém que a atual crise sanitária que vivemos em razão do novo coronavírus modificou profundamente os processos e a maneira de gerenciar as pessoas nas empresas. E não só isso: alterou todo o planejamento de construção e posicionamento de marca. A sua estratégia de Employer Branding já estava sendo desenhada e aí chegou a pandemia. Quais cuidados e oportunidades podem influenciar nesse plano? Trago aqui algumas reflexões que gostaria de compartilhar.
Aqui na CI&T entendemos que esse é o momento de promover melhor o bem estar e cuidado com as nossas pessoas internas. Aliás, estamos passando por esse momento juntos (colaboradores e empregadores). Também é preciso se atentar aos aspectos sociais, afinal, temos a nossa responsabilidade como empresa. Outro ponto é mantermos o engajamento das pessoas com a marca e com as ações que estão sendo realizadas. Isso contribuirá para que a empresa continue sendo admirada internamente e notada externamente.
“Os clientes nunca vão amar uma empresa até que os funcionários amem primeiro”, diz o autor norte-americano Simon Sinek
Mas a questão aqui é que, em momentos difíceis como a pandemia, as pessoas vêem e prestam atenção ao mercado de uma forma diferente e muito mais analítica. Podemos dizer que durante e depois da pandemia elas olharão para as organizações com mais cautela, então é preciso se posicionar, sim, mas com cuidado na forma de posicionamento e na veracidade das ações.
Agora e no pós-pandemia, esses são alguns pontos que estão/serão observados:
- O que estas empresas fizeram ou estão fazendo nesse momento?;
- É real ou não, todo movimento e envolvimento realizado?;
- Elas desligaram seus funcionários e funcionárias ou abriram mais oportunidades?;
- Ajudaram outras empresas ou instituições, contribuíram de alguma forma para esse momento olhando para a sociedade?
Bom, agora não é hora de uma campanha megalomaníaca de marketing, ou de uma estratégia de autopromoção da marca. O momento pede um posicionamento de marca “mais natural”, genuíno e colaborativo. Para as empresas, é uma oportunidade de se apresentarem no mercado, mas lembre-se: para as pessoas internas e externas, também é uma ótima oportunidade para conhecer a essência e o marketing por trás dessas ações que estão sendo realizadas.
Como muito bem colocou Suzie Clavery, uma das grandes referências em Employer Branding no Brasil, “Marcas empregadoras fortes não são construídas nas crises, mas para as crises”.
Acredito que as melhores ações de Employer Branding à serem realizadas agora são aquelas que são fiéis aos seus valores e que já foram comunicadas, vividas e experienciadas por suas pessoas internas. É importante lembrar que tudo que está acontecendo e sendo exposto pelas empresas no momento, será confirmado e reiterado interna e externamente!
É momento de estudar todas as ações para que elas possam ser as mais genuínas e transparentes possíveis, entender que não é sobre oportunismo. Elas precisam ser pensadas e conectadas com seu propósito.
Tenho ouvido a seguinte frase de algumas pessoas e que também me leva a refletir a agir com empatia sobre a realidade de cada local, mas não retirando a responsabilidade e humanidade necessária de cada uma nesses momentos: “Quando isso tudo passar, lembraremos daquelas que estão desligando pessoas em um momento tão difícil”. Bom, sabemos que cada organização tem sua realidade e que a retenção nesse momento pode não ser algo possível para todas (infelizmente). O importante aqui é entender como foi esse processo de decisão para empresa, como esses desligamentos foram feitos? Como a empresa também buscou, de alguma forma, ajudar e colaborar com essas pessoas? Tudo isso impacta no posicionamento de marca e diz muito sobre a organização, tudo isso tem um impacto tanto no interno, quanto no externo.
Então, com todos esses cuidados, será que é mesmo momento de oportunidade para se trabalhar estratégias de marca empregadora? Sim, é! Mas entendendo que não é sobre oportunismo e sim sobre refletir seus valores para fora, contar com seus aliados e aliadas internamente para reforçar essas ações, realizar ações afirmativas e buscar contribuir mais com ecossistema do que esperar algo em troca nesse momento. O retorno vem, mas será reflexo do seu comportamento genuíno como empresa.
*Daniel Marcos é Senior Employer Branding Analyst da CI&T, multinacional brasileira especialista digital para grandes marcas globais.