Os efeitos da pandemia da Covid-19 sobre o varejo alimentar se mostraram intensos, porém com comportamentos diferentes nos últimos dois anos. O setor, que foi um dos menos afetados em termos de resultados, sofreu um forte impacto em termos de adaptação de tecnologias, com a necessidade de integração das lojas físicas x lojas online, automação dos processos e humanização dos canais de atendimento, na tentativa de colocar o consumidor no centro das decisões.
Segundo balanço do varejo, realizado pela GS Ciência do Consumo, especializada em inteligência de dados, o ano de 2020 foi marcado por crescimento exponencial, com a alta no consumo de abastecimento domiciliar diante das medidas sanitárias de prevenção ao vírus e isolamento social imposto pela pandemia.
Já em 2021, com o início da Campanha Nacional de Vacinação, queda do número de casos e a retomada das atividades comerciais, o setor apresentou aumento da frequência, porém menor dinamismo econômico, sentido principalmente pela alta dos preços dos produtos impulsionada pela inflação.
De acordo com Thiago Simonato, CEO e fundador da GS Ciência do Consumo, o setor do varejo alimentar seguirá lindando com as heranças de 2021 no campo econômico e com as incertezas geradas pelo ano eleitoral. “Em 2022 é esperado um faturamento bastante similar ao do ano anterior, onde observou-se números positivos, com exceção das categorias de bebidas, beleza e higiene que foram pressionadas pela alta da inflação impactando na redução do consumo pelas famílias”, destaca o executivo.
Conheça abaixo as principais tendências que devem conduzir os negócios do varejo alimentar em 2022, obtidas a partir deste levantamento:
Expansão do varejo:
O cenário de expansão deverá influenciar positivamente os resultados das redes que adotaram o caminho de abertura de novas lojas no período pandêmico. Essa movimentação gerou uma maior competitividade entre os canais.
O estudo aponta que o forte movimento de expansão das redes supermercadistas pelo país entre 2020 e 2021 gerou uma maior competitividade entre os mercados e o centro da atenção daqui em diante deverá ser o shopper. Com mais opções, o consumidor passou a dividir suas compras/carrinho entre os diferentes canais de venda, na busca pelo melhor preço e ofertas. Ganha quem gerar menores sacrifícios na experiência de compras.
Em 2021 houve um crescimento de 7,8% no faturamento dos Supermercados, enquanto os formatos de Hipermercado, com 0,4% e Cash&Carry, 0,2% (setor com alto índice de novas lojas no ano anterior), desaceleraram suas expansões, provavelmente em decorrência do contexto econômico com a taxa Selic em alta (10,75% ao ano, após a oitava alta consecutiva) e baixa projeção para o PIB nacional em 2022.
O consumidor no centro das decisões:
Em 2022 o varejista precisa criar experiência de compra agradável e funcional e ficar atento às ações de retenção e comunicação com o cliente já fidelizado, para gerar aumento de vendas, elevação nas margens do negócio e proporcionar as melhores experiências ao cliente, a ponto de torná-lo um defensor da marca.
Segundo estudos da GS, os índices de fidelização e engajamento (IFEV-GS) em 2021 ficaram acima da média de 2020 (média 2020 – 105,4%; média 2021 – 108,2%) e, o canal de venda que mais se destacou na retenção do Shopper, na média dos últimos doze meses foi o Hipermercado com 211,7%, seguido por Supermercado com 122,4% e por último o Cash & Carry com 77,2%.
O que esperar de 2022:
Preço adequado à realidade do mercado, melhores práticas de atendimento e relacionamento com o cliente e comunicação de ofertas assertiva ao seu perfil, serão fatores fundamentais para o varejista se diferenciar da concorrência e proporcionar melhores experiências na jornada de compra do shopper, afinal, o cliente satisfeito compra mais.
“Acreditamos que 2022 será um ano bastante desafiador frente às mudanças do comportamento do consumidor que procura por maior economia nos produtos alimentícios e custo-benefício em produtos de valor agregado. Ano eleitoral e expectativa de inflação em alta são pontos de atenção”, destaca Simonato.
Para este estudo, foram analisadas 291 milhões de transações de vendas. O estudo completo pode ser conferido clicando em Balanço 2021.