Por Eduardo Cosomano
Folheando os jornais e acessando os sites de notícias, é fácil perceber que as pessoas em geral e os formadores de opinião se interessam por “inovação”. Mas, afinal, o que é considerado inovação? A palavra inovar significa criar um produto ou processo que seja novo, para a empresa ou para o mercado, por meio do uso de tecnologia. No entanto, defendo que podemos ir além dessa definição técnica e pensar no que realmente significa inovação no nosso dia a dia.
Vamos partir de um princípio prático: inovação é tudo aquilo que deixa os processos mais simples. Olhe para a tela do seu celular e pense em tudo que você usa com facilidade e que deixou o seu dia a dia mais descomplicado. Dez anos atrás, você pensava em ter acesso à sua conta bancária em poucos cliques? Com bancos digitais, é mais fácil abrir uma conta, efetuar pagamentos, controlar a vida financeira. Os aplicativos de mobilidade fazem com que seja mais fácil chamar um carro, saber onde pegar ônibus e guiar-se pela cidade. Fazer um pedido de delivery, alugar um quarto de hotel ou uma casa, planejar uma viagem… Hoje, tudo isso pode ser feito de modo ágil e simplificado, na palma da mão.
Outra forma muito prática de definir inovação é dizer que um produto, serviço ou processo realmente inovador é aquele que nos deixa com a sensação de “ei, como eu não pensei nisso antes?”. Quando ficamos impressionados com uma novidade aparentemente simples, mas que tem funções transformadoras, com certeza estamos diante de uma inovação.
Desde 2015, quando as startups se popularizaram no Brasil, surgiram inúmeras iniciativas empreendedoras buscando oportunidades de crescer no mercado, oferecendo produtos ou serviços inovadores. Algumas escalaram rapidamente, outras atingiram o sonhado status de “unicórnio”, e outras não tiveram o sucesso esperado. No entanto, inovação não é apenas uma palavra que está na moda, que parece querer dizer muito e na verdade não diz nada. Não: inovação é algo prático, que transforma realidades. E por que isso interessa?
O lugar a partir do qual eu falo é o da comunicação, da imprensa, do jornalismo. Para esse segmento, inovação rende. Rende boas histórias, boas imagens para fotojornalismo e reportagens em vídeo, pautas curiosas que capturam a atenção do público, entrevistas interessantes com empreendedores e empreendedoras que estão fazendo a diferença. Mas, mais do que isso, na hora de um repórter ou editor determinar o que é notícia, alguns critérios são importantes: relevância, proximidade, amplitude… e interesse público.
Interesse público é um conceito muito pertinente, pois, mesmo que uma informação não seja relevante para os leitores, ouvintes ou espectadores, ela deve ser noticiada. É dever do jornalismo sério e comprometido com o interesse público disseminar e impulsionar a propagação de informações que podem não ser de interesse do público, mas são de interesse público. E isso é determinante para os jornalistas que decidem o que é notícia e o que não é.
Mas, muito além de ser interessante para a imprensa, inovações geram impacto na sociedade ao trazer soluções para problemas complexos. Quando algo transforma práticas e processos, quando algo deixa a nossa vida mais simples, quando algo é disruptivo, estamos falando de inovação. E é por isso que despertam tanto o interesse das pessoas em geral, dos formadores de opinião e, consequentemente, da imprensa.
Eduardo Cosomano é jornalista, fundador da agência EDB Comunicação, e autor do livro Saída de mestre: estratégias para compra e venda de uma startup (Editora Gente) ao lado de João Cristofolini, fundador da Pegaki.