Por João Gabriel Chebante
Dia dos namorados, para quem não sabe, no Brasil é uma data fabricada: foi criada por João Dória, pai do ex-prefeito de São Paulo no final da década de 40 para aquecer as vendas das Lojas Clipper – cliente da sua agência de publicidade – num período de baixa em vendas. A escolha foi providencial: um dia antes do dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro e de forte tradição no público feminino.
Quebrado o encanto promocional do “evento”, vamos ao que interessa: é uma data aonde as pessoas compartilham por meio de eventos e experiências, o afeto que um sente pelo outro. E isso é legal, ainda que impulsionado por seres humanos como nós, publicitários e marqueteiros.
Mas nada disso funciona se um ativo não se fizer presente: a paixão pelo negócio, pela marca e sua forma de funcionar. Com algumas experiências em diferentes segmentos da economia e agora atuando dentro e fora do país, consigo ser firme em acreditar que, assim como o amor, só o branding constrói.
Aliás, o branding é o amor em forma de ativo estratégico para o negócio. Negócios com as melhores pessoas e planejamentos, mas sem amor, é apenas mais um player dentro do mercado. Invariavelmente alguma novidade de macro/microambiente pode mudar todo o contexto e não haverá força para mover a empresa em novos sentidos. Trata-se de mais um no meio da multidão.
Do outro lado, empresas geridas e cuja paixão/amor se propaga em todos os pontos de contato com o mercado – dos colaboradores aos acionistas, do desenvolvimento de produtos ao pós-vendas, por vezes pode até não ter as melhores práticas ou possuir vícios de gestão que travam o seu crescimento.
Mas possuem uma força motriz, uma motivação que se não a leva ao sucesso, a permite viver em mares turbulentos por mais tempo. Elas são mais ágeis e se adaptam porque sabem que viver é uma prova de amor ao legado do negócio consigo mesmo e com o mundo.
Ao longo dos últimos meses, percebo cada vez mais que a construção de um grande negócio, de uma marca incrível que passa mais pelo autodesenvolvimento do profissional do que pelas ferramentas que ele possui para alavancá-lo. É uma competição um contra um ao invés de sua empresa contra o mercado.
Para vencer todas as adversidades, novidades e desafios – seja para crescer, navegar contra crises, buscar novas receitas ou comprar o concorrente e captar as sinergias – o principal ativo, acreditem, reside no amor que você possui por você mesmo e pela sua marca e negócio.
Só o amor constrói. É melhor você ser mais apaixonado que seu concorrente, porque talvez só isso será capaz de colocar você dentro do coração do seu mercado.
* João Gabriel Chebante é fundador da Chebante Brand Strategy. Formado em Administração com Ênfase em Marketing na ESPM, com especialização em Modelagem de Negócios pela mesma faculdade e Gestão de Marcas (branding) pela FGV. Possui doze anos de experiência em marketing, atuando em inteligência de mercado e gestão de marcas como profissional e como consultor de empresas.