“O Michael Jordan não queria a Nike”
Hoje eu terminei de assitir os seis primeiros episódios da série “Arremesso final” um documentário da NETFLIX em parceria com a ESPN. A série ainda não acabou, mas a vontade de escrever o artigo agora foi maior rs.
Primeiro, por que eu já fui muito fã desse cara na adolescência. A maioria dos primos e amigos da minha geração, nascidas na década de 80, também eram ou ainda são. Eu já tive boné, flâmula, bola de basquete e naquela época eu não tinha a mínima noção do que estava sendo construído naquele momento em termos de MARCA no cenário mundo: um ícone como atleta, uma “nova” marca do time Chicago Bulls, a liga da NBA ficou mais conhecida no mundo inteiro, os patrocinadores voltados para o basquete e toda questão econômica que movimentava em ao redor dele: o MIKE JORDAN, nome que ele era chamado antes de virar o MICHAEL JORDAN.
Segundo, por que o episódio 5 da temporada 1, reforçou muitas questões sobre ESTRATÉGIA DE MARCA, cultura e consumo: temas diretamente relacionados com a minha atuação profissional na Toomorrow.
Se você ainda não assistiu, desculpe, mas eu vou dar alguns spoilers aqui. Eu não consigo passar a minha opinião e sem citar alguns detalhes da série.
Por isso, não leia esse artigo agora, assista primeiro e depois volte aqui para acrescentar a sua opinião. Eu quero saber!
EPISÓDIO 5
“Dos tênis Air Jordan, às finais da NBA e à participação no Dream Team das olimpíadas, Michael se torna um ícone cultural sem igual no mundo todo.” Veja na Netflix
O foco desse artigo são as reflexões e curiosidades que eu descobri no episódio 5, existem ótimas leituras sobre a vida, carreira e recordes do maior jogador de basquete de todos os tempos: isso é um fato antigo.
O Jordan não queria a NIKE, ele preferia a marca ADIDAS e também foi rejeitado pela CONVERSE.
Primeiro, o Jordan buscou patrocínio na marca CONVERSE e foi recusado.
> A CONVERSE já era uma marca reconhecida no basquete
> A CONVERSE já tinha outros atletas famosos no seu time de patrocinados e por isso disse que “não havia mais espaço para o novato do Chicaco Bulls.”
> Naquela época a NIKE só fabricava basicamente tênis para atletismo, a CONVERSE era a principal fabricante de tênis para basquete.
> Os jogadores Magic Johnson e Larry Bird eram os principais “garotos propaganda da marca”
> Para quem não sabe, o tênis All Star é um modelo da marca CONVERSE.
> Não é de hoje que os atletas INFLUENCIAM as pessoas, depois vejam que legal a história do nome/tênis All Star.
> “Eu queria a ADIDAS, eu gosto do tênis da ADIDAS” disse Michael Jordan
> A NIKE não era a principal marca de esportes no cenário mundial daquele momento, a empresa estava crescendo.
Naquela época, as duas principais marcas para os jogadores de basquete eram a ADIDAS e a CONVERSE.
A marca ADIDAS disse durante a tentativa de negociação:
“Seria um prazer ter o Jordan, só não podemos fazer um tênis agora”.
> O MJ não gostava dos tênis de basquete da NIKE: “eles eram de solados altos.”
> A NIKE não tinha o valor de marca e a estrutura monstruosa que eles possuem hoje.
> Foi a Mãe do Jordan que o convenceu ele a pegar o avião a fazer a reunião com a NIKE. Ele não queria nem ao menos ir até a NIKE ouvir a proposta que a marca queria apresentar.
Esse é o cara que falou para o Jordan que ele precisaria ter um patrocínio. Ele já agenciava os tenistas da época e alguns já tinham a sua própria raquete ou tênis assinado com o nome.
Abaixo algumas frase que o agente falou na série:
“A estratégia era pegar um jogador de esporte coletivo e tratá-lo como golfista, boxeador ou tenista”
“Quando eu negociei com a Nike eu disse: vocês são uma empresa pequena, se vocês quiserem o MJ façam uma linha de tênis para ele”
“A NIKE tinha criado uma tecnologia nova para tênis de corrida, chamada SOLA DE AR. O Michael jogava no ar e por isso eu sugeri para a linha se chamar AIR JORDAN”
A NIKE fez uma grande proposta contratual na época, oferecendo tudo para o Jordan criar o tênis do seu jeito. Com isso, a marca garantiu a exclusividade com o jogador e depois já sabemos final feliz rs: esse foi o acordo mais importante já feito na história do basquete no mundo. O contrato com a NIKE foi assinado em 1984 e a marca sempre foi o maior patrocinadora do jogador.
Lançado há 35 anos, o tênis também foi responsável pela popularização do esporte além das quadras norte-americanas.
> Essa é foto de um anúncio da época e foi a principal referência para criação do símbolo “Jump Man”.
Uma das reflexões mais importantes no meu ponto de vista, é a “virada de chave cultural” quando cineasta SPIKE LEE exaltou o tênis Air Jordan no seu filme de 1989 e depois tiveram outras parcerias.
Naquele momento foi criada a CULTURA DO TÊNIS que prevalece até hoje.
Os sneakers (ou tênis, em inglês) representam mais que um estilo: tornaram-se símbolos da cultura urbana em todo mundo.
Outro ponto importante, o tênis virou um símbolo para elevação da autoestima para os negros americanos, o Air Jordan era o reflexo do sucesso dos atletas da NBA. Percebam quantos impactos essa marca trouxe!
Naquela época “todos queriam ser o Jordan”, na década de 90 ele se tornou um ícone da cultura pop.
O Air Jordan ultrapassou a barreira do basquete e foi para moda, as roupas que estavam na quadras chegaram até as ruas e influenciaram as pessoas. As ruas em NY ou PARIS sempre ditaram tendência, com isso, as marcas fizeram essa leitura e começaram a produzir roupas dentro daquele estilo esportivo. Entendeu o tamanho da influência?
As pessoas querem ser vencedoras! Vestir uma “marca vencedora” é uma forma de vencer, a junção do ESPORTE + MODA é uma fórmula que sempre deu certo e começou forte naquela época.
Exemplo recente em 2019, uma marca de Streetwear fez uma parceria com a Air Jordan:
“A Patta uniu forças pela primeira vez com a Jordan Brand em coleção que comemora a influência do esporte dentro da cultura urbana.”
A marca está presente em várias tribos: nas ruas, com as mulheres, jogadores de futebol, cantores de Hip Hop, artistas de cinema entre outras celebridades
O cara realmente é uma lenda dentro e fora das quadras. Os seus resultados como atleta, ajudaram a sua MARCA se tornar um ícone cultural.
Abaixo alguns resultados com a NIKE atualmente:
Sua participação no ano de 2019 foi de US$ 130 milhões segundo artigo da FORBES. A NIKE transformou a marca Jordan em um enorme negócio totalmente independente:
São US$ 3,1 bilhões em receita no ano fiscal que terminou em maio de 2019, um aumento de 10% em relação ao ano de 2018.
Agora em 2020, mesmo com o impacto do coronavírus, as vendas no atual ano fiscal provavelmente serão maiores, de acordo com relatórios recentes da companhia. (Fonte: FORBES > clique para saber mais).
O MJ ajudou a evoluir o marketing esportivo. Seu contrato com a Nike foi um dos maiores da história e ele ainda vinculou sua imagem a outras grandes marcas.
Hoje, além da linha completa de vestuário, a marca tem parcerias com times da NBA e até com equipes de outro esporte, por exemplo o PSG, que há dois anos, tem a sua linha em parceria.
> Em 2018, postamos em nosso perfil do Instagram um conteúdo sobre COBRANDING. Uma parceria de um time de futebol com a marca.
(Clique para saber mais)
Abaixo um resumo dos itens que tornaram o MICHAEL JORDAN uma grande marca:
“Existe Jordan e depois todos os outros”, diz Magic Johnson.
“Não existe ninguém com alma do camisa 23.” disse Pippen.
História:
Ele cresceu à base de desafios, e os primeiros vieram da própria família.
Nome forte:
Michael Jordan, o seu nome de nascença era Michael Jeffrey Jordan.
Personalidade:
Atleta com jeito ÚNICO de jogar, pensar e agir!
Propósito no basquete:
“Ser o melhor jogador e o time ser campeão”
Símbolos:
A camisa 23 e claro, a marca com a Nike “Air Jordan”.
Fenômeno do marketing a patrocínios:
Seus resultados, dediação e carisma, ajudaram a vender todo o tipo de produtos, desde lanches, roupas, isotônicos até videogames, abrindo o mercado para outros atletas.”
Finalizo esse artigo com uma grande reflexão: será que a Nike seria tão grande se o Jordan tivesse assinado com a Converse ou com a Adidas?
Eu acredito que sim, já que a Nike buscaria outras formas de construir a sua marca. Isso faz parte do DNA das lideranças que passaram e/ou ainda estão na organização nas últimas décadas.
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Vlwwww 😉