O Rio de Janeiro continua lindo e ganhou ainda mais cor com a exposição a céu aberto Arte Atua, promovida pela JCDecaux , líder mundial em mídia Out Of Home, com apoio da startup Hunter , especializada em locação de veículos para motoristas de aplicativo . Com trabalhos de seis artistas estampados em mais de 500 abrigos de ônibus e relógios digitais em bairros das Zonas Norte e Oeste do Rio, a “exposição” a céu aberto dá outro sentido ao mobiliário urbano.
“Faz parte da nossa essência pensar nos espaços urbanos, indo além do comercial. Pensamos sobre as ruas, sobre as pessoas e sobre o significado dessa relação entre cidade e o cidadão. O Arte Atua é um projeto que idealizamos como uma forma de levar a arte contemporânea carioca para o carioca. A população agora terá a oportunidade de ver no seu trajeto para o trabalho ou de volta para a casa uma verdadeira galeria a céu aberto”, destaca a diretora-geral da JCDecaux Brasil, Ana Celia Biondi.
Para o diretor de comunicação da Hunter, Iugo Iule, estar inserido em um projeto que levará arte à população de forma gratuita vai ao encontro do propósito da startup. “A ocupação dos espaços com cultura, cor e vida é uma forma de fazer com que acreditemos em um amanhã melhor, com novas perspectivas para o futuro da nossa cidade. A Hunter reafirma o apoio aos artistas e acredita muito no desenvolvimento cultural da cena carioca com o projeto Arte Atua.”
A cara do Rio
Com curadoria de Paula Borghi, a primeira edição do Arte Atua traz trabalhos de seis grandes artistas que vivenciam a realidade das comunidades e periferias do Rio de Janeiro, que hoje são reconhecidos nacional e internacionalmente: Agrade Camiz, Arjan Martins, Jarbas Lopes, Marcela Cantuária, Maxwell Alexandre e Rafael Baron.
“Buscamos com artistas que dialogassem com a cidade de forma crítica. O trabalho de Jarbas Lopes propõe uma reflexão sobre a mobilidade acessível e não poluente, tendo como inspiração a ciclovia aérea, que já foi empregada em países como a China. Procuramos também trabalhos que despertassem uma identificação direta com a população local, como o de Maxwell Alexandre: uma pintura sobre papel pardo da camiseta do uniforme da escola pública do Rio”, conta Paula.
Outros projetos pelo mundo
A viabilização de projetos de arte nos mobiliários urbanos da JCDecaux faz parte do histórico da empresa. Um dos mais emblemáticos aconteceu nas ruas de outra grande metrópole do mundo: Nova York. Em 2018, os abrigos de ônibus hospedaram a exposição de Ai WeiWei “Good Fences Make for Good Neighbor”, inspirada na crise de migração no mundo e ascensão do nacionalismo. A exposição usou imagens e esculturas para transformar as cercas de segurança dos abrigos de ônibus em um símbolo social e artístico da problemática.

Artistas
Agrade Camíz nasceu no bairro do Jacarezinho em 1988 e tem uma produção artística voltada para problemáticas inerentes ao território suburbano e ao corpo da mulher.
Trabalhando com pintura, fotografia e escultura, sua produção mescla a estética da arquitetura popular carioca com questões relacionadas à sexualidade e a opressão feminina.
Com um histórico de mais de uma década de intervenções nas ruas cariocas, sua pesquisa vem do espaço urbano para os circuitos de arte.
Para o ARTE ATUA, a artista apresenta a representação da pintura sem título da série Girls Money de 2021, combinando o empoderamento da mulher através do corpo e sua tag.
Em 2016 participa do projeto de pintura mural “Bulevard Olímpico” e em 2020 participou do “Rua Walls”, pintando um muro de 1,5 quilômetros de extensão.
Agrade Camíz
sem título da série Girls Money, 2021
látex, pastel oleoso e spray sobre tela
80×60 cm

Arjan Martins nasceu em 1960 em Mesquita na Baixada Fluminense e tem uma produção artística voltada às questões diaspóricas.
Por meio de uma técnica pictórica que aborda os movimentos coloniais que se deram em territórios afro-atlânticos, suas pinturas criam pontes entre o recente passado escravocrata do Brasil e a atualidade.
Sua obra se utiliza de símbolos do período das expansões marítimas e da escravidão das populações africanas, como a caravela, o globo terrestre em disputa e as ferramentas de navegação.
Para ARTE ATUA, o artista apresenta a reprodução de uma pintura sem título de 2018. Inspirada em uma fotografia do alemão Sepp Werkmeister, esta mostra um casal de imigrantes afrodescendentes nos EUA.
Foi vencedor do Prêmio Pipa em 2018, no mesmo ano participou da 11º Bienal do Mercosul e atualmente participa da 31º Bienal de São Paulo.
Arjan Martins
sem título, 2018
acrílica sobre tela
160 x120 cm

Jarbas Lopes nasceu em 1964 em Nova Iguaçu na Baixada Fluminense e tem uma produção artística voltada às ecologias do mundo.
Trabalhando com pintura, escultura, desenho, livros de artista e performance, desenvolve projetos conceituais que operam à margem da lógica capitalista e valoriza a vida.
Seu processo criativo permeia uma reconfiguração dos objetos e das experiências estéticas, dando-lhes um novo significado e movimento, sempre permeados por um tom crítico e atento a natureza.
Para ARTE ATUA, o artista apresenta a reprodução de um trabalho que é parte de seu projeto Ciclovaérea, iniciado em 2001. Realizado em parceria com o artista Luis Andrade em 2004, este apresenta desenho de Jarbas e texto de Andrade.
Participou da 8ª Bienal de Havana em 2005, da 27ª Bienal de São Paulo em 2006, da 7ª Bienal de Guangju em 2008, da 11ª Bienal de Lyon em 2011 e 3ª Bienal de Gaia em 2019.
Jarbas Lopes
desenho da série Cicloviaérea, 2004
caneta esferográfica sobre papel
24×32 cm

Rafael Baron nasceu em 1986 em Nova Iguaçu na Baixada Fluminense e tem uma produção artística voltada para representação das chamadas minorias, que na realidade constituem a vasta maioria.
Trabalhando com pintura figurativa, seu processo parte da leitura da figura humana e das subjetividades que a atravessam, como por exemplo das questões de raça, sexualidade, gênero e classe.
Abrindo diálogos sobre a compressão da diversidade no mundo, suas pinturas retratam pessoas conhecidas pelo artista ou que permeiam nosso imaginário social.
Para ARTE ATUA, o artista apresenta a reprodução da pintura Poderosas de 2021, que tem como inspiração mulheres fortes em situação de poder. Um comentário a ascensão das mulheres na atualidade.
Em 2020 foi vencedor do concurso “Garimpo” (2019/2020) promovido pela revista Dasartes e em 2021 realizou individual na The Cabin LA em Los Angeles e participou de coletiva na Scott Miller Projects no Alabama. Ainda este ano participará de coletiva na Albertz Benda Gallery em Nova York e realizará individual na Portas Vilaseca Galeria no Rio de Janeiro.
Rafael Baron
Poderosas, 2021
acrílica sobre tela
250 x 220 cm

Maxwell Alexandre nasceu em 1990 na favela da Rocinha, onde vive e trabalha. Criado em berço evangélico, o artista serviu o exército e foi patinador de street profissional durante 12 anos. Graduou-se em design pela PUC-Rio em 2016.
Partindo muitas vezes de cenas biográficas na construção de seu repertório visual, pode-se dizer que sua obra denuncia a violência estatal e o racismo estrutural.
Para ARTE ATUA, o artista apresenta a reprodução de uma das 100 pinturas da série Reprovados de 2019, que tem como referência o uniforme escolar municipal do Rio de Janeiro. O trabalho foi idealizado para a 6ª edição do Clube dos Colecionadores do MAM -RJ e pode ser lido enquanto a individualidade de um dos 100 estudantes, ainda que uniformizado.
Rompendo com as estatísticas da realidade brasileira, em 2020 Maxwell Alexandre foi capa da revista Forbes Brasil e eleito artista do ano pelo Deutsche Bank. Em novembro realizará uma individual no Palais de Tokyo.
O artista considera suas obras orações e seu ateliê um templo.
Maxwell Alexandre
sem título da série Reprovados, 2019
acrílica e graxa de sapato sobre papel pardo
120 x 80 cm
ed. 100
