O Governo brasileiro está estudando a ideia de criar um marketplace para compras públicas. O marketplace, plataforma de comércio eletrônico que reúne diversos prestadores de serviços e vendedores em um só local, irá mudar a lógica de contratação atual. A ideia é iniciar o processo nas contratações realizadas via dispensa de licitação, como as compras de bens e serviços. Atualmente, os estados, municípios e órgãos publicam em editais o que desejam adquirir ou contratar, como por exemplo, materiais escolares ou obras, e as empresas precisam se adequar aos requisitos exigidos para se tornarem fornecedores. Este processo costuma ser, por vezes, complexo e moroso, devido às muitas exigências legais.
O projeto ainda está em fase inicial, porém, com as mudanças, o Governo explica que “servidores e gestores públicos terão acesso a um site que reunirá produtos de várias empresas credenciadas. A escolha dos itens poderá ser realizada em poucos cliques e a compra finalizada imediatamente”. Fernando Salla, CEO da Effecti, startup especializada em tecnologia para licitantes, destaca que ainda é cedo para avaliações, porém toda busca por inovação nas compras públicas é positiva.
“A criação do marketplace certamente é uma novidade no setor de compra públicas. Neste momento é difícil indicar se terá ampla aceitação do mercado ou como trará valor seja em economicidade, seja em escala. É uma inovação de impacto para o setor e , como toda mudança, esta nova plataforma, dando certo ou não, provoca sim uma mudança no modo de pensar e agir entre licitantes e servidores públicos”
O exemplo de países como Estados Unidos, Chile e Índia, mostra que a experiência pode dar certo. No país norte-americano, desde 1996 a agência do governo federal tem sua própria plataforma de compras públicas online, que, mesmo com um processo rigoroso, possui milhares de itens cadastrados.
Confira as vantagens do modelo na visão do especialista:
Mais transparência: segundo explicação do Ministério da Economia, todas as operações terão que ser registradas, justificadas e serão passíveis de avaliação de controle, incluindo a possibilidade de analisar se a decisão de comprar feita pelo gestor público foi a melhor para a administração. “Com todos as informações disponíveis em tempo real, vai ficar ficar mais fácil de identificar fraudes, além de permitir uma maior competitividade entre as empresas”, explica Fernando Salla.
Mais agilidade: com os fornecedores habilitados previamente cadastrados, o governo vai poder selecionar na prateleira virtual os produtos que atendam a necessidade e realizar a compra em poucos cliques. “No modo como as coisas são realizadas hoje, pode demorar meses para se concluir um processo de compra de itens básicos de escritório, por exemplo, o que acaba fazendo com que se compre um estoque, gerando custos de armazenamento”. Salla explica que a mudança vai trazer mais celeridade ao processo, facilitando a fase de pesquisa de preços por parte dos órgãos da administração pública. Para as empresas fornecedoras, o ciclo de compra tende a diminuir, permitindo que elas vendam ainda mais e recebam os pagamentos de forma mais rápida.
Redução de custos: as compras públicas representam cerca de 10% do PIB, é um mercado que movimenta bilhões todos os anos. Isso acarreta em muitos custos administrativos e processuais para a administração pública. “Com o marketplace e a tecnologia, esses custos poderão ser reduzidos drasticamente. Além disso, também vai ampliar a competição, pois haverá uma quantidade maior de ofertantes do que em um processo comum, gerando uma redução de preços”, finaliza Salla.
Mais oportunidades: os diferentes órgãos da administração poderão conhecer empresas de todo o país, permitindo que o fornecedor seja encontrado e prospectado diretamente, gerando mais oportunidades de negócios. Os players que já atuam em marketplaces para o mercado privado poderão entrar com maior facilidade no mundo das compras públicas aumentando seu escopo e mercado.