Por Lyana Bittencourt, CEO do Grupo BITTENCOURT – consultoria com mais de 3 décadas de mercado especializada no desenvolvimento, gestão e expansão de redes de negócios e franquias
Num cenário em que a pandemia (e os efeitos causados por ela) ainda tendem a estar presentes no cotidiano das marcas, a reinvenção tornou-se fundamental.
E apesar de tudo que tem sido feito como vendas por whatsapp e redes sociais, coleta por drive-thru e lojas funcionando como mini centros de distribuição, ainda há muito mais que pode ser feito. Não apenas para que as vendas continuem acontecendo, mas para que a conexão com as marcas não se perca e o consumidor continue estreitando laços de novas e inusitadas formas.
Tornar as compras divertidas ainda é possível mesmo com lojas fechadas e vou te contar como. Trata-se de um fenômeno que o mercado tem chamado de Shoppertainment – um misto de “shopping” com “entertainment” ou seja, compras e entretenimento.
O que você acha de ingressar num universo paralelo, um mundo virtual que replica a realidade por meio de tecnologia usando artifícios como realidade virtual e realidade aumentada? É isso que algumas marcas têm feito – um mergulho no chamado “metaverso”.
Um mundo completamente virtual, em que você pode usar roupas de marca e entrar em lojas que não existem na vida real, mas para comprar mercadoria física. Um misto de design, cultura, conteúdo desenvolvido por empresas de tecnologia para o ingresso das marcas em jogos e outras plataformas.
Em 2020 a Balenciaga, marca de moda de luxo, revelou sua coleção outono/inverno 2021 dentro do jogo “Afterworld – A idade de amanhã” em parceria com a Epic Games’s e empresa de software Unreal Engine. E não precisa ir longe, o McDonald’s, ou Méqui, replicou o seu restaurante número 1000 dentro dos jogos “Minecraft” e “The Sims 4”. Nele os jogadores poderão fazer os pedidos para o McDelivery.
Live-commerce
Se você ainda precisa de uma dose extra de personalização e humanização, o live-commerce tem se mostrado tanto uma ferramenta de engajamento quanto de resultados. Muitas marcas têm usado plataformas de live streaming para fazer tanto eventos abertos ao público quanto consultorias e atendimento 1to1.Por meio dessa tecnologia, a marca consegue em meio à transmissão ao vivo direcionar o cliente para comprar o produto no mesmo momento, na mesma plataforma. E como a construção de conteúdo é conjunta – marca e consumidor – a conexão real é imediata. É a humanização do e-commerce. Algo tão desejado pelos varejistas nos últimos tempos.
Varejo nas redes sociais
Outra tendência que evidencia ainda mais a necessidade de presença digital e de forma que chame a atenção do consumidor é o “discovery shopping”, ou seja, um varejo de descobertas que acontece nas redes sociais. Durante a pandemia ficou evidenciado que muitas marcas, antes desconhecidas, passaram a ganhar relevância justamente por uma presença digital mais massiva. O Discovery Shopping gira em torno de guiar a jornada e fazer com que a empresa vá aonde quer que os consumidores estejam procurando por descobertas e pesquisando por inspiração.
Segundo dados da Euromonitor, 48% dos consumidores globais descobriram novas marcas usando a rede social – 1º pelo facebook e em 2º lugar pelo Instagram – uma prova de que consumidores cada vez mais digitais estão priorizando a mídia digital em detrimento da mídia tradicional como um meio de descoberta de produtos.
Compras por voz
E já que estamos falando de descobertas, cada vez mais a interação por voz com dispositivos inteligentes se faz presente e merece a atenção das marcas. A estratégia por voz é atrativa por simplesmente se utilizar de um comportamento que o consumidor já tem – é algo natural. É simplesmente uma conversa. Para os usuários iniciantes pode ser um pouco disruptivo demais comprar produtos usando apenas a voz, mas a partir do momento que essa barreira inicial é quebrada, a conveniência fala mais alto. E mais uma vez, a construção de uma relação pessoal altamente valiosa com o consumidor pode ser construída. O voice commerce não é apenas uma ferramenta para simplificar transações, ele passa a fazer parte da vida íntima do consumidor. A tecnologia ainda é recente e precisa ser aprimorada, mas isso tende a evoluir e rápido.
Só nesse texto eu trouxe quatro exemplos de como tornar as compras mais divertidas e em todas elas a presença digital é que está no foco. Num momento de lojas fechadas e restrições de circulação levar conexão e diversão para os consumidores pode ser a diferença entre a sobrevivência e a decadência de uma marca. Qual opção você vai escolher?