A
pandemia do novo coronavírus (Covid-19) fez com que empresas de
diferentes setores precisassem repensar modelos de
trabalho. E novas rotinas implicam em diferentes formas de comunicar,
seja entre a própria equipe ou mesmo com os clientes. A empatia na
comunicação, ou comunicar-se a partir da dor do cliente e não mais sob a
ótica da tradição de uma marca – assunto que já vinha sendo
discutido no mercado de comunicação – ganhou ainda mais força neste
momento. Assim, ações em que empresas se unem em prol de uma causa
ganham notoriedade e mostram que, acima de concorrentes, marcas podem
ser parceiras na busca pelo bem comum.
Uma pesquisa feita pela Wunderman Thompson sobre tendências e mudanças para 2020 mostrou que
as marcas passaram a ser vistas como uma força de mudança. Isso significa que é esperado que elas representem a sociedade e que
também auxiliem na resolução de questões sociais, como é o caso dos impactos econômicos causados pelo coronavírus.
“É importante que fique claro que estamos todos no mesmo barco em busca
de soluções e novos caminhos dentro
da comunicação. O preparo de certas empresas para a realização do home
office e, para além disso, o posicionamento das marcas como
aliadas nesse combate é muito bem visto pela população e precisa ser
reconhecido”, comenta Flavia Sobral, diretora da aboutCOM.
E isso já vem ocorrendo em grandes empresas, como veremos abaixo.
Conexão inédita
Em março, uma parceria inédita entre as operadoras de telefonia Claro, Oi, TIM e Vivo, chamada “Movimento
Todos Juntos Contra o Vírus” gerou repercussão na mídia nacional e teve uma boa aceitação social. No vídeo
da campanha, a mensagem de que estar conectado à internet para permanecer mais próximo da família durante o isolamento foi
ressaltada como uma prioridade.
“A iniciativa mostra que as empresas estão focadas em trabalhar juntas
por um objetivo maior. Fornecer acesso
à internet com qualidade em um momento em que muitas pessoas possuíam
essa praticidade apenas no ambiente de trabalho significa fazer com
que a população possa ter lazer e trabalho dentro de casa”, explica
Flavia.
Financiamento de testes
E não foram apenas as operadoras que deixaram de lado a concorrência para ajudar a população. Os três
maiores bancos privados do Brasil – Bradesco, Itaú e Santander – se uniram em uma campanha para a prevenção do coronavírus no país.
A ação tem a ver com a premissa de que sozinho é mais difícil ter os
mesmos resultados que uma parceria
deste porte pode proporcionar. Nesse caso, especialmente no momento
atual, fica evidente que “a união faz a força”, já que todos saem
ganhando: a sociedade por permanecer protegida e as marcas por
aumentarem o reconhecimento e a credibilidade de seus serviços.
“Recebidos” que fazem bem
Trazendo para o ambiente interno de trabalho, a Nubank
foi mais uma empresa que
considerou os efeitos do isolamento social para o trabalho remoto de
seus colaboradores. Segundo a financeira, “manter o bem-estar dos
funcionários foi e segue sendo um dos passos mais importantes”.
Com isso, a empresa decidiu enviar cadeiras ergonômicas para os
colaboradores que passaram a desempenhar suas
atividades de casa. A iniciativa foi comemorada e teve uma boa
repercussão na mídia, chegando a ser citada em um noticiário renomado da
televisão brasileira, o que trouxe mais reputação para a marca e fez com
que os colaboradores desenvolvessem o sentimento de
pertencimento à empresa.
Comunicar também é ouvir
As agências de comunicação estratégica precisam ter em mente alguns
pontos para manter o trabalho,
auxiliando no posicionamento de marcas e em ações colaborativas em
momentos de comemoração, mas, também, durante crises como a que se
instalou em diferentes setores.
“O segmento de tecnologia, foco do trabalho da aboutCOM, é um dos que
mais tem precisado pensar em novas
estratégias para garantir o acesso e a segurança de quem está em casa,
seja para momentos de descontração ou para quem continua focado
em levar serviço de qualidade para seus clientes”, salienta.
Como forma de incentivo para acompanhar os webinários, a Solo Network,
cliente da aboutCOM, tem
feito entregas de pizzas para os espectadores. A iniciativa é uma forma
de reconhecer a importância do público e reforçar o compromisso
da empresa com as ações que desempenha.
Já a Orange Business Services
acredita que o uso dos grupos de mensagens de forma mais
coloquial é uma boa estratégia para manter os colaboradores focados, mas
com momentos de descontração. Ficar longe fisicamente de
colegas da equipe pode ser bastante desmotivador e, por isso, é preciso
pensar em alternativas para ajudar a manter o engajamento e a
comunicação interna da empresa, estratégia para além de simplesmente
manter os serviços ativos.
E permanecer em casa exige um cuidado ainda maior com a segurança de dados pessoais e atenção redobrada com
golpes e ameaças virtuais. A ESET,
empresa de segurança da informação, passou a divulgar análises de
ataques cibernéticos e dicas para que a população possa se proteger
dessas ameaças. A atitude prova que a empresa possui um papel social
muito importante em meio à enxurrada de ameaças cibernéticas descobertas
nos últimos meses.
Mas, assim como dar luz a temas que impactam na rotina de todos é
fundamental para quem trabalha com
comunicação, compreender as diferentes necessidades do público para cada
momento. A preocupação com o que é pertinente ou não estar
na mídia, como uma forma de consultoria, é parte da responsabilidade de
quem atua na consultoria e sugestão de pautas.
“Agências de comunicação possuem, ainda, o papel com o trade de não
deixar de alimentá-lo com informações
diversificadas, para além do coronavírus. É necessário lutar por
veículos que não têm verbas ou que acabaram diretamente afetados
pela pandemia, ou seja, que dependem de eventos que não estão ocorrendo e
de patrocínios que foram cortados”, acrescenta Flavia.