Recentemente a FENAPRO (Federação Nacional das Agências de Propaganda), a ABAP (Associação Brasileira de Agências de Publicidade) e a ABRADi (Associação Brasileira de Agentes Digitais) deram início a uma ação coordenada para alertar o mercado sobre o impacto que a crescente demanda de parte dos clientes está causando sobre as equipes das agências, em função dos pedidos em prazos exíguos e inviáveis, fora do horário útil, e que se acentuou a partir da pandemia com a adoção do home office. O assunto foi debatido nesta quarta-feira (25), durante o programa Chacoalha , que contou com a participação de Daniel Queiroz, Presidente da FENAPRO, Carolina Morales, CEO da ABRAdi, Mario D´Andrea, presidente da ABAP, e Igor Puga, CMO do Santander.
Para o presidente da FENAPRO, os desafios profissionais que a pandemia trouxe vieram acompanhados também por uma grande ansiedade e um instinto de sobrevivência, que fizeram com que as pessoas se empenhassem ainda mais na busca de resultados, gerando uma percepção de que o trabalho se intensificou de uma forma excessiva, ocasionando um desequilíbrio na relação entre agência e cliente. “Nota-se aí também uma mudança na dinâmica do fluxo de trabalho”, observou Daniel Queiroz, na abertura do programa.
O CMO do Santander, Igor Puga, lembrou que boa parte dos clientes já extrapolavam os limites contratuais de demandas, e, em sua opinião, este não é exatamente um problema novo, mas que foi agravado pela pandemia. “Como cliente, eu também passei a ter problemas. Dentro dos clientes há esse mesmo efeito colateral que as agências têm vivido. Há uma dificuldade de compreender os limites”, disse.
Para ele, existem soluções que podem equilibrar essa equação. “Não acho que seja um problema complexo de se resolver, mas passa por um processo de cumplicidade. O que serve para nós, tem que valer para os parceiros também. Isso constrói laços fortes e relações sólidas de respeito”.
E neste contexto, o papel da liderança é fundamental, como apontou Mario D´Andrea, presidente da ABAP. “O colaborador vai replicar o que ele vê dentro da própria empresa”. E alertou: “não há empresa saudável em uma sociedade doente”. Para ele, o líder precisa estar preocupado com o seu capital humano. “O resultado financeiro não pode ser desassociado do resto”, disse.
Carolina Morales, CEO da ABRAdi, também concordou com a análise, e acrescentou. “Vínhamos de uma perspectiva em que o publicitário estava acostumado a virar a madruga na véspera de uma concorrência ou de um grande projeto. Isso era, de certa forma, glamourizado. Muitas vezes os jovens achavam que isso era ser moderno e não questionavam. E o que vemos agora é uma quebra de tabu em admitir que há um problema de saúde mental, de estresse”, afirmou.
Os convidados também abordaram o impacto do digital nos contratos já firmados, e como é possível ajustá-los às novas demandas.
A íntegra do programa Chacoalha está disponível neste link .