Por Ariane Maia
Recentemente, estive em San Francisco, com nossa diretora operacional, Anna Halasz, para o evento do Google que apresentou as tendências de marketing e Analytics para 2019. Estávamos entre as poucas empresas brasileiras, em um encontro que reuniu mais de 500 profissionais, em três dias de reuniões, palestras e workshop, e representantes de cerca de 60 países.
Estruturado para comunicar o que vem sendo desenvolvido em marketing, podemos dividir, resumidamente, em duas partes os destaques apresentados: compra de mídia e mensuração, mas buscando cada vez mais trabalhar de forma unificada. Abaixo, seguem os principais pontos destacados:
. Preocupação com o papel da mulher na indústria de tecnologia– A igualdade de gêneros na área da tecnologia é uma preocupação e um ponto que será ainda mais trabalhado no próximo ano. O Google Summit Analytics teve um dia inteiro dedicado ao tema, com uma tarde de conversa só com mulheres do mundo inteiro. As representantes do Google falaram sobre a participação na indústria, os desafios em um mundo predominantemente masculino e como aumentar a participação de mulheres nos times. Na minha realidade, sempre trabalhei muito com mulheres, e a união entre uma visão feminina e masculina enriquece o mercado. Ter uma empresa como o Google investindo nesse tema é algo muito relevante e feliz para todas nós. O assunto está em pauta e por isso tende a ter uma evolução.
. Mercado americano x mercado brasileiro e latino– Ainda vemos uma disparidade entre o mercado norte-americano e o latino. Nos EUA, temos um cenário mais evoluído, com profissionais qualificados e um ponto muito importante: com clientes dispostos a testar novidades. Essa disponibilidade é importante para que as técnicas sejam aplicadas, pois há investimento de tempo e dinheiro. Já no Brasil e na América Latina, para soluções Google, estamos adaptados a usar as funcionalidades gratuitas. Porém, teríamos melhores resultados se as empresas brasileiras tivessem a cultura de trabalhar e investir em ferramentas pagas, que apresentam maior capacidade de entrega e de resultados. Vejo pouca gente evoluindo para o uso de um analytics pago, que seria muito rico para integrações e aplicações de novas técnicas.
. As tendências:Podemos elencar cinco:
– Inteligência artificial e machine learning nunca estiveram tão em evidência como agora. Hoje, é mais comum termos o assunto correlacionado aos bots que podem conversar com os consumidores via chat, mas esta é apenas a ponta do iceberg, a automação de processos, análises preditivas e novas formas de aprimorar a eficiência do trabalho, estão chegando com tudo.
– O vídeo vai continuar dominando a internet. Há alguns anos, o jornal Washington Post previu que em 2019 o meio representaria quase 80% do tráfego da internet. Ainda é cedo para afirmar se eles acertaram, mas tudo indica que esse é mesmo um caminho sem volta. Boa parte do público prefere assistir a um vídeo do que ler um texto – e isso muda completamente a forma de comunicação.
– As buscas por voz tendem a aumentar. Dados do ComScore apontam que, até 2020, pelo menos metade de todas as buscas feitas na internet serão executadas via comandos de voz. Isso significa uma mudança de paradigma: em vez de conteúdos criados “para as técnicas atuais de SEO”, cada vez mais teremos a necessidade de produções voltadas para atender as demandas de quem faz buscas usando uma linguagem natural.
– Realidade aumentada e realidade virtual indo além da web. Praticamente todas as fabricantes de smartphone decidiram incluir em 2018 em seus produtos ferramentas capazes de adicionar mais interatividade aos conteúdos. A realidade aumentada e a realidade virtual foram tendências já de 2018, e devem ampliar o alcance nos próximos anos em razão do grande número de desenvolvedores que trabalham nesse campo.
– Anúncio deve ser sinônimo de criatividade. Os formatos tradicionais têm retornos cada vez menores. Isso não é culpa de uma eventual diminuição na audiência de certos sites, mas sim de uma mudança no comportamento do público. Bloqueadores de anúncios e a padronização dos formatos em pontos específicos das páginas fazem com que os consumidores ignorem cada vez mais esse tipo de exposição.
– O dado deve ser usado por todos. O Google investiu muito para criar o Google Data Studio, sua solução de visualização de dados e finalmente o produto saiu do Beta, isso evidencia a dinâmica de popularização do uso do dado, afinal o conhecimento deve estar acessível às diferentes áreas da empresa e o jeito mais simples para que isso ocorra é democratizar a visão do mesmo.
. Troca de experiência: Para finalizar, destaco as trocas de experiências vivenciadas em um evento com essas dimensões. Encontramos pessoas com outras realidades culturais, mas com desafios parecidos e resoluções diferentes. Veremos ferramentas mais complexas, com funcionalidades cada vez mais interessantes. O alto nível de profissionais envolvidos evidenciou o investimento do Google em seus parceiros, para que o conhecimento seja pulverizado e tal conhecimento está cada vez mais plural e correlacionado com as áreas de tecnologia e análises numéricas.
*Ariane Maia é diretora executiva daA² BI, empresa especializada em gestão de dados