Para começar este texto, é preciso dizer que não sabemos se haverá um depois. E também não sabemos quando será depois. Neste momento, o mundo todo promove uma corrida contra o tempo em busca de medicamentos e eficientes e de uma possível vacina, mas nada garante que não seremos tomados por ondas sucessivas de reinfecções.
Apesar disso, as pessoas, as empresas e os governos precisam que haja um depois. Mais do que isso, todos precisam de um plano de saída – já que não tivemos uma plano de contingência na entrada. Infelizmente, o coronavírus fez, e ainda faz, estragos para os quais os países não estavam preparados.
Dados o SEBRAE (março/20) indicam que mais de 40% das atividades das MEIs, de um total de 1º milhões, tiveram que ser interrompidas e que cerca de 117 mil lojas foram afetadas com o fechamento do comércio em São Paulo, segundo a FECOMÉRCIO.
Apenas para ressaltar, no Brasil há 6,3 milhões de PMEs que são responsáveis por 16,1 milhões de empregos com carteira assinada. Traduzindo: o que vem pela frente pode ser assustador – ainda que não mais assustador do que as, até aqui, mais de 16 mil mortes confirmadas – já que os impactos econômicos serão inevitáveis. E seriam piores se não houvesse a quarentena, como pode ser visto na comparação entre os países escandinavos (a Suécia teve uma explosão de mortes e nenhum ganho econômico em comparação aos seus vizinhos).
Este cenário coloca na cabeça do mercado um imensa interrogação acerca de para onde iremos quando tudo isso acabar. Algumas possíveis respostas podem ser encontradas em Pesquisa do Google (2020) que produziu importantes análises comportamentais para aquilo que ele chama de “Segunda Onda – Após primeiro choque, o que vem mudando no comportamento do brasileiro”. Nesta pesquisa, são indicadas algumas tendências, separadas em 8 tópicos.
1. Aceleração da digitalização para ocupações fundamentais como trabalho e educação, além de hábitos como o culto religioso;
2. Aceleração da confiança no digital como canal de conversões: aumento das compras on-line e uso de serviços como Rappi;
3. Consolidação de plataformas digitais de conteúdo/streamings em penetração e frequência. Ganho de novos usos destas plataformas como “ao vivo”, shows, conexão com o mundo exterior em tempo real e notícias;
4. Empobrecimento da população com pelo menos 50% gravemente impactado. Escassez e uso + racional de recursos deve equilibrar a euforia por consumo por conta da demanda reprimida;
5. Possível ganho de peso populacional e aumento de problemas de saúde e emocionais em consequência. Aumento de problemas de autoestima. Possível mudança em referenciais de beleza. Provável aumento na demanda por academias;
6. Possível abalo nas relações familiares com aumento do número de divórcios, a exemplo da China;
7. Criação de maior consciência do coletivo com alta taxa de compartilhamento de renda já acontecendo;
8. Urgência na retomada de grandes decisões e planos, assim como compra de bens duráveis.
Entre todas elas, gostaria de destacar a aceleração e a consolidação das múltiplas formas de trabalhar e fazer negócios no ambiente digital (1, 2 e 3) e a urgência na retomada de grandes decisões e planos (8).
A soma destas tendências nos indica que o momento para uma completa conversão das empresas ao digital é agora. Obviamente, não se trata de nenhuma ruptura do modelo de negócios, mas de uma integração que permitirá aumento de competitividade em um mercado com uma mais que provável retração de consumo. Além disso, segundo a pesquisa, a longa paralisação deve motivar uma retomada rápida de planos mais ambiciosos, ao que tudo indica, porque o mercado oferecerá oportunidades para aqueles que estiverem mais preparados. Desmembraremos o assunto em outros artigos. Mas, por hora, fica a provocação: sua empresa já está pensando em como crescer quando isso passar?